quinta-feira, 9 de abril de 2015

João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, fumou, mas não tragou!

É, leitores! João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, fumou, mas não tragou. A civilização petista é mesmo algo único na história da humanidade. O homem que cuida das finanças do partido do poder admitiu, ao longo de um depoimento de mais de oito horas à CPI da Petrobras, que conhece Alberto Youssef. Chegou até a ir a seu escritório, mas o outro não estava lá. Para quê? Ele já não se lembra. Disse que o doleiro é que o havia convidado. Certo! E por que alguém que atua no ramo em que Youssef atuava iria querer falar com o tesoureiro do partido que manda? Vai ver estava interessado em trocar receita de bolo. E o petista Renato Duque, ex-diretor de Serviços, Vaccari conhece? Ah, conhece, sim. Viram-se num evento social, disse ele, e depois passaram a cultivar uma bela amizade. Nessas horas, sempre me lembro das relações amistosas entre o capitão Louis Renalt (Claude Rains), o chefe de polícia corrupto do filme Casablanca, e Rick Blaine (Humphrey Bogart), o mundano sofisticado que era dono dos Rick’s Bar e que pagava uma propina quase inocente ao outro para não ser importunado… Segundo Vaccari, ele mantém com Duque “um relacionamento amistoso e social”. E emendou: “É uma pessoa com quem eu gosto de conversar, discutir política, assuntos diversos”. Que coisa! Duque, o engenheiro de, como é mesmo?, desempenho modesto até a chegada do PT ao poder, se transformava, em companhia de Vaccari, num pensador político. Ora, bolas, minha gente! Por que o tesoureiro de um partido não manteria relações amistosas com um doleiro e com um diretor de uma área técnica da Petrobras? Faz todo sentido! Vaccari também disse que foi, sim, até os empreiteiros, mas em busca de doações legais — aquelas mesmas às quais Dilma se referia, estou certo, na entrevista concedida à CNN em Espanhol. Mas e a confissão de envolvidos na Lava Jato de que parte dessa doação era lavagem de propina pura e simples, que compunha o preço dos serviços? Bem, vai ver aquela gente toda confessou o crime só para manchar a ilibada reputação de Vaccari. O tesoureiro do PT que afirmou contar com o apoio da direção do partido para continuar no cargo é investigado em várias frentes:
1) é acusado de ter recebido propina da diretoria de Abastecimento, comandada, então, por Paulo Roberto Costa;
2) Pedro Barusco, que era o segundo de Duque, afirma que o tesoureiro deve ter recebido, entre 2003 e 2013, algo em torno de US$ 200 milhões em propina, oriundos da diretoria de Serviços;
3) segundo Barusco, Vaccari ficaria com dois terços de uma propina de 1% cobrada na construção de 28 sondas de perfuração pela empresa Sete Brasil, orçadas em US$ 22 bilhões;
4) R$ 400 mil foram depositados na conta da mulher de Vaccari, oriundos de uma empresa de um sócio de Youssef;
5) teria participado de uma tramoia que resultou no pagamento de R$ 500 mil em propina a dois diretores do Petros para que o fundo de pensão fizesse negócio com empresas do ex-deputado federal (já morto) José Janene, que resultou em prejuízo de R$ 13 milhões ao fundo;
6) Youssef acusa Vaccari de ter recebido R$ 800 mil em propina da Toshiba Infraestrutura; metade do dinheiro teria sido entregue em frente à sede nacional do PT;
7) Marice Correa de Lima, cunhada de Vaccari, é suspeita de ter recebido R$ 244 mil do doleiro Alberto Youssef por indicação de executivos da OAS.
Isso tudo não passa de uma coleção de fantasias, segundo Vaccari. Ele não tem nada a ver com aqueles homens maus que, como diria Dilma, usaram a Petrobras só para enriquecer. Vaccari conhecia, sim, toda a tigrada que está enrolada na Lava Jato, mas sua alma é pura como as flores. Por Reinaldo Azevedo

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