quarta-feira, 29 de abril de 2015

Gráfica de campanhas eleitorais de 2014 fica em endereço desativado


Uma das principais fornecedoras de santinhos para campanhas eleitorais de 2014 não tinha estrutura para imprimir o material contratado e era paga para intermediar a prestação dos serviços. A VTPB Serviços Gráficos recebeu R$ 27,9 milhões no ano passado, a maior parte paga pela campanha pela reeleição de Dilma Rousseff (R$ 22,9 milhões). O restante do valor foi oriundo da campanha do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), com R$ 2 milhões; do governador da Bahia, Rui Costa (PT), com R$ 1,5 milhão; do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), com R$ 577 mil; e do senador José Serra (PSDB-SP), com R$ 521 mil. Outros nove candidatos pagaram valores entre R$ 800 e R$ 90 mil. A VTPB presta serviços para campanhas desde 2008, data em que foi registrada na Junta Comercial de São Paulo. Em 2010 e 2012, os principais clientes dela foram PT, PMDB e PSDB. Desde o início do ano passado, ela está registrada em uma sala de 30 metros quadrados, alugada por R$ 600, no bairro da Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo. No entanto, segundo o próprio locatário do imóvel e vizinhos, não há movimentação no endereço. "A porta fica sempre fechada. De vez em quando, aparece alguém para buscar alguma coisa", disse Marcelo Ferreira, que trabalha em frente ao endereço da VTPB. O dono da empresa é o empresário Beckembauer Rivelino de Alencar Braga, que afirma precisar manter um endereço formal para “comprar matéria prima e pagar os encargos”. Braga, que atualmente mora no interior de Minas Gerais, disse ter utilizado no ano passado a estrutura de gráficas parceiras para produzir e entregar o material encomendado pelas campanhas. “A empresa prestou efetivamente todos os serviços para os quais foi contratada, em representação e parceria com empresas do setor”, afirmou Braga em nota, argumentando que o material teria sido “auditado pelos partidos e aprovado pela Justiça Eleitoral”. O empresário disse trabalhar com a intermediação de serviços “desde os 16 anos de idade” e afirmou não ter vinculação política com partidos. Por meio de nota, o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, negou irregularidade na prestação de serviços pela VTPB. Afirmou que “todas as contas foram auditadas pelo TSE” e que o trabalho de contratação de fornecedores teria seguido “parâmetros da Justiça Eleitoral”. A campanha à reeleição de Dilma custou R$ 350 milhões. Desse total, gastou-se R$ 85 milhões com publicidade por materiais impressos. A VTPB recebeu 26,6% do total gasto com gráficas. Chinaglia disse ter sido informado por sua equipe de que os produtos contratados à empresa “teriam sido entregues”. Rui Costa, não se pronunciou. Responsável pela campanha de Aécio à Presidência, o PSDB informou em nota que “os serviços de impressão gráfica foram devidamente prestados à campanha e os pagamentos, efetuados mediante a entrega dos produtos pelo fornecedor”. Por meio da assessoria, Serra afirmou ter contratado cards elaborados com material plástico em PVC e folhetos. “Os materiais foram entregues no prazo pelo fornecedor, com a qualidade e as quantidades estipuladas, conforme a prestação de contas e as notas fiscais registradas no TSE”, argumentou o senador tucano. 

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