sexta-feira, 24 de abril de 2015

Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra tem mal-estar e é internado em UTI no Distrito Federal


O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, de 82 anos, foi internado em Brasília na noite desta quinta-feira (23) após um mal-estar. Ele foi encaminhado à UTI do Hospital das Forças Armadas (HFA) com suspeita de infarto, de acordo com funcionários da unidade. Ustra é apontado como responsável por torturas ocorridas em órgãos de repressão durante a ditadura militar. Segundo boletim médico divulgado pelo hospital às 16h30 desta sexta (24), o coronel "está clinicamente estável, sob observação clínica e investigação cardiológica". O documento é assinado pelo médico intensivista do HFA Sérgio Ricardo Lobo Loureiro. De 29 de setembro de 1970 a 23 de janeiro de 1974, Ustra foi chefe do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do II Exército, órgão utilizado pela ditadura para reprimir manifestações políticas contrárias ao regime de exceção. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2013, o coronel afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de "organizações terroristas" para implantar o comunismo no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Segundo Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma "ditadura do proletariado". “Inclusive nas quatro organizações terroristas que nossa atual presidenta da República, hoje está lá na Presidência da República, ela pertenceu a quatro organizações terroristas que tinham isso, de implantar o comunismo no Brasil. Então estávamos conscientes de que estávamos lutando para preservar a democracia e estávamos lutando contra o comunismo. (...) Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o 'paredon'. Hoje não existiria democracia nesse País. O senhores estariam em um regime comunista tipo de Fidel Castro (ex-ditador de Cuba]”, afirmou Ustra à época. Nos anos 1960, a presidente Dilma Rousseff integrou as organizações clandestinas Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar por meio do terrorismo, com ações armada. Condenada por "subversão", ela passou três anos presa no presídio Tiradentes, em São Paulo (entre 1970 e 1972). No final dos anos 1970, no Rio Grande do Sul, ajudou a fundar o PDT, de Leonel Brizola. Em 1990, filiou-se ao PT. Convocado para depor sobre supostos crimes contra os direitos humanos no DOI-Codi, o ex-chefe conseguiu na Justiça o direito de permanecer calado. A defesa de Ustra sugeriu o envio de uma cópia do livro "Verdade sufocada", em que o militar descreve sua atuação no órgão, mas o coronel aceitou comparecer e falar sobre o período. Em dezembro, o relatório final da Comissão da Verdade incluiu o nome de Brilhante Ustra entre os 377 responsabilizados por mortes na ditadura. Durante o comando do militar no DOI-Codi, o relatório cita registros de ao menos 45 mortes e desaparecimentos políticos. 

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