sexta-feira, 20 de março de 2015

Protegida contra protesto por forte esquema de segurança, Dilma pede tolerância em Goiânia


Em um momento de baixa popularidade do governo e de protestos pelo país, a presidente Dilma Rousseff pediu, nesta quinta-feira, tolerância, mas defendeu a democracia e o direito de manifestação da sociedade. Cercada de um forte esquema de segurança, montado pelo Palácio do Planalto e pela prefeitura petista de Goiânia, Dilma assinou a ordem de serviço para construção do BRT Norte-Sul, um investimento de R$ 340 milhões, sendo R$ 210 milhões do governo federal e R$ 130 milhões de contrapartida da prefeitura. "Nós temos obrigação de respeitar a democracia. E como é que é a democracia? Direito de todos falarem, todos se manifestarem, porém também direito a todos serem ouvidos. Por isso, eu peço tolerância e peço uma outra questão: diálogo. Porque o diálogo implica que a gente olhe o próximo, aquele com quem nós dialogamos, como uma pessoa igual a nós, que a gente tenha a humildade de nos colocar a nível de todos e não nos acharmos nem melhor, nem pior que ninguém", afirmou a presidente. Em um raio de dois quilômetros do Paço Municipal, onde ocorreu o evento, foram montados postos de triagem do público. No entorno do local, foi montada uma barreira com grades, depois um tapume de placas de ferro e novamente uma cerca de grades. Efetivos da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal fizeram a segurança da cerimônia. O esquema foi organizado para impedir que manifestantes ligados aos movimentos Vem Pra Rua, Caras Pintadas e Brasil Livre chegassem ao Paço Municipal. Por volta das 14h30, um grupo de 24 manifestantes, com faixas de "Fora Dilma", "Fora PT", "Impeachmentent Já", chegaram à entrada, mas foram barrados. Batendo panelas, os manifestantes gritaram e cantaram "Dilma vá embora que o Brasil não quer você, leva com você o Lula e a quadrilha do PT". Os líderes da manifestação disseram que o tempo chuvoso e o horário do evento, durante o expediente, impediram a presença de mais pessoas. "Eu estou insatisfeita com o governo e não com a Dilma. Estou insatisfeita com essa política que só privilegia a panelinha. Não sou tucana, não sou petista, não sou PSOL. Sou brasileira", disse a dona de casa Ana Maria Gomes, enquanto batia panela e ia para o evento. O prefeito de Goiânia, o petista Paulo Garcia decretou ponto facultativo para os órgãos que funcionam no Paço Municipal. A prefeitura também colocou ônibus de graça para levar os convidados entre os postos de triagem e o evento. Segundo o Planalto, 3.500 pessoas participaram da cerimônia. No twitter, Garcia respondeu às críticas sobre a organização do evento: "Aviso aos navegantes. Gostemos ou não existe um protocolo presidencial. Ponto final". Dilma chegou com uma hora de atraso, acompanhada do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, que foi vaiado pelos petistas. Embora o PSDB tenha apoiado as manifestações do último domingo, Perillo condenou a intolerância e a injustiça contra Dilma. O governador afirmou manter uma "relação republicana" com a presidente e o prefeito, ambos petistas. Disse ainda ser grato à Dilma pelo que o governo federal fez por Goiás. "Eu recebi conselhos para não estar aqui, mas disse que eu, enquanto governador, jamais concordei com a intolerância e as injustiças em relação à presidente. Eu, que sempre a recebi aqui respeitosamente, não vou temer comparecer a um evento, porque uma parte pode me hostilizar. Eu venho aqui como governador legitimamente eleito pelo Estado de Goiás. Venho aqui receber a presidente da República que foi legitimamente reeleita e que tem meu apoio para a governabilidade. O Brasil não pode ser vítima da intolerância ou desrespeito. O Brasil não pode ser vítima de minorias", disse o governador que, nesse momento, foi aplaudido. No evento, Dilma fez um afago político ao governador, anunciando mais uma etapa das obras do Aeroporto Santa Genoveva - a construção do pátio e da pista - e prometeu entregar em novembro. As obras ficaram paralisadas por quase dez anos, por indícios de superfaturamento. A presidente fez questão de destacar a parceria entre os governos estadual e federal. "O governador Marconi Perillo tem sido um parceiro do governo federal nos desafios que nós enfrentamos, ao longo dos anos em que fomos eleitos, eu para governar o Brasil, ele para governar Goiás. Essa parceria se dá acima das nossas diferentes filiações partidárias. Somos um país democrático, em que a gente disputa durante a eleição. Acabou a eleição, eleitos aqueles que o povo escolheu, a gente passa a governar. Ele para toda população de Goiás e eu para toda a população do Brasil",  afirmou Dilma. Segundo o Planalto, O BRT (Bus Rapid Transit) beneficiará cerca de 120 mil usuários por dia. O investimento na obra será de R$ 340 milhões, sendo R$ 210 do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 120 milhões da prefeitura. A previsão para a conclusão é de 20 meses.

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