quinta-feira, 12 de março de 2015

Paulo Roberto Costa pagou propina de R$ 30 milhões para Cabral e Pezão.


A arrecadação de dinheiro para o "caixa dois" da campanha de Sérgio Cabral (PMDB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) em 2010 foi decidida dentro de um dos palácios sedes do governo do Rio de Janeiro, segundo o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, reproduzido no termo de colaboração número 4. "No primeiro semestre de 2010 foi chamado diretamente pelo governador Sérgio Cabral no gabinete em um dos palácios do governo que o declarante não sabe precisar qual, para tratar de assunto ligado a contribuições para a campanha de reeleição", cita o documento da delação premiada. Segundo Paulo Roberto Costa, o então vice-governador Pezão e o então secretário da Casa Civil do governo do Rio de Janeiro, Regis Fischner, estavam presentes na reunião na sede do governo. Cabral e Pezão negam envolvimento com o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. A Procuradoria Geral da República encaminhou na manhã desta quinta-feira ao Superior Tribunal de Justiça os pedidos para abertura de inquéritos que investigarão Pezão, Cabral e o governador do Acre, Tião Viana (PT). O relator dos casos no STJ, ministro Luiz Felipe Salomão, deve autorizar a abertura dos procedimentos ainda nesta quinta-feira. A exemplo dos casos no Supremo Tribunal Federal, os processos vão tramitar sem sigilo. A PGR, nas petições, já fez os primeiros pedidos de diligência. O objetivo da reunião descrita na delação foi pedir uma "ajuda" para a campanha. Cabral e Pezão foram reeleitos na ocasião e, em outubro de 2014, o vice conquistou mandato de governador do Rio de Janeiro. "O governador Sérgio Cabral orientou que o declarante deveria manter contato com Regis para alocar o apoio para campanha de reeleição", cita o termo de colaboração. Uma reunião num quarto de hotel – no Leblon ou em Ipanema – teria sido agendada posteriormente pelo secretário. Paulo Roberto Costa, então, fez contatos com empresas responsáveis por contratos das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). "Nesta oportunidade foi explicado para as empresas que elas deveriam ajudar a campanha do governador, fazendo pagamentos para o caixa dois", disse o delator. O valor pago foi de R$ 30 milhões, segundo o ex-diretor, dinheiro que seria equivalente a propina do esquema. Paulo Roberto Costa afirmou ainda que conheceu Cabral em 2007, numa reunião para tratar das obras do Comperj. Ele não soube dizer se o gabinete usado para a reunião foi o do Palácio Guanabara ou o do Palácio Laranjeiras. O delator também não soube precisar se a reunião para o pedido de "ajuda" à campanha ocorreu no Guanabara ou no Laranjeiras. Segundo o delator, os recursos para a campanha de Cabral e Pezão vieram de empresas que atuavam na obra do Comperj. Conforme o ex-diretor, o consórcio Compar, formado pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e UTC, contribuiu com R$ 15 milhões. O restante foi pago por outras empresas, como Skanska, Alusa e UTC, disse o delator. Pezão e Cabral vão ser investigados num mesmo inquérito. Governadores têm foro privilegiado junto ao STJ, e não ao STF. Entre os envolvidos nas delações premiadas da Operação Lava-Jato, uma outra autoridade tem foro junto ao STJ: o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, que exerce atualmente o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) da Bahia. Negromonte, porém, será investigado em inquéritos no STF, por conta da conexão a fatos supostamente cometidos por parlamentares do PP. O outro governador a ser investigado, também por meio da instauração de um inquérito, é Tião Viana (PT), do Acre. Ele é suspeito de ter recebido R$ 300 mil do esquema, conforme os delatores Paulo Roberto e o doleiro Alberto Youssef. Na STF, os inquéritos foram instaurados na noite da última sexta-feira. São 49 investigados, entre eles 12 senadores e 22 deputados federais. Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estão na lista.

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