domingo, 22 de março de 2015

Maioria da população brasileira é contra a privatização da Petrobras, diz pesquisa Datafolha

A despeito da escalada de relatos de superfaturamento e propinas nos últimos meses, a maioria dos brasileiros considera que a Petrobras deve permanecer sob o comando do governo federal. Pesquisa feita pelo Datafolha dá números mais precisos e atuais a essa preferência, conhecida no mundo político: 61% dos entrevistados no País disseram ser contra a privatização da empresa. Apenas 24% defenderam a venda do controle da companhia, que vive a maior crise desde sua criação, em 1953. Outros 5% se disseram indiferentes, e 10% não souberam responder. Foi a primeira vez que o instituto perguntou sobre o tema. O levantamento – o mesmo que captou a reprovação recorde à presidente Dilma Rousseff – ouviu 2.842 eleitores nos dois dias seguintes às manifestações de domingo (15) contra o governo. Os dados mostram que a venda da petroleira é rejeitada em todas as faixas de renda, de idade e escolaridade, em todas as regiões do país e independentemente de inclinação partidária. A rejeição chega a 67% entre os que declaram preferência pelo PT – em suas campanhas eleitorais, o partido ataca supostas intenções privatistas de seus rivais do PSDB. Entre os simpatizantes dos tucanos, são 56% contrários e 35% favoráveis. Os resultados ajudam a entender por que a privatização da maior empresa nacional em patrimônio está fora da pauta política do País. Mas o embate ideológico em torno da estatal persiste. A crise da companhia – que, além dos escândalos de corrupção, inclui a disparada do endividamento e a derrocada do seu valor de mercado – pôs em xeque o modelo estatista e nacionalista em vigor no setor petrolífero. Independentemente da opinião pública e da orientação oficial, a Petrobras está hoje longe de dispor dos recursos necessários para arcar com as obrigações associadas à exploração da gigantesca reserva do pré-sal. Entre os exemplos principais, está a determinação legal de que a estatal seja a única operadora dos campos do pré-sal, com participação mínima de 30% no empreendimento, o que demandará investimentos crescentes. Há ainda exigências de percentuais mínimos de produtos nacionais nos equipamentos comprados para a operação, o que significa custos mais elevados. Em contraste com tais ambições, a Petrobras enfrenta dificuldades para fechar as contas, ainda não conseguiu publicar o balanço de 2014 e iniciou um plano de desinvestimentos – venda de negócios e patrimônio no Brasil e no Exterior – de US$ 13,7 bilhões. Defensivamente, governo e PT acusam os críticos da corrupção na Petrobras de pretenderem rever o modelo de partilha, que estabelece a hegemonia da empresa no pré-sal, e a política de conteúdo nacional. Em resposta à crise, a estatal ganhou uma diretoria de Governança, dedicada a zelar pelo cumprimento de normas internas e das impostas às empresas listadas em Bolsa – embora o governo detenha a maioria das ações com direito à voto, a maior parte do capital da Petrobras é negociada no mercado.

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