quarta-feira, 18 de março de 2015

Grupo farmacêutico que pagou R$ 7,8 milhões ao bandido petista mensaleiro José Dirceu era parceiro de laboratório fantasma do doleiro Alberto Youssef


A indústria farmacêutica EMS aparece como maior cliente da consultoria do ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu (PT), conforme dados da Receita Federal revelados pela força-tarefa da Operação Lava Jato. A farmacêutica, que remunerou o mensaleiro com 7,8 milhões de reais dos 29,2 milhões recebidos pela empresa de José Dirceu entre 2006 e 2013, foi parceira do laboratório de fachada Labogen Química Fina, do doleiro Alberto Youssef, em uma empreitada no Ministério da Saúde. Youssef buscou o acordo com a EMS, gigante do setor de medicamentos genéricos, para depois tentar associar o Labogen ao Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM) e obter aprovação de um projeto no ministério. O objetivo era fechar um negócio de cerca de 135 milhões de reais por cinco anos. Tratava-se de uma parceria de desenvolvimento produtivo (PDP) nos moldes incentivados pelo Ministério da Saúde. O convênio chegou a ser assinado, mas terminou suspenso pelo governo federal. O ex-deputado federal paranaense André Vargas, então no PT, participou das gestões junto ao Ministério da Saúde, durante a gestão do ex-ministro petista Alexandre Padilha, para fechar o negócio. Em troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal, Vargas disse a Youssef: "Bati um longo papo com Pedro (Argese) e ele estava com documento de parceria com o EMS". Pedro Argese era um dos diretores do Labogen. Ele disse à Polícia Federal que recebeu orientação de um diretor do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Oliveira, para fechar negócio com a EMS, o que poderia acelerar o desenvolvimento dos medicamentos. Segundo Argese, o diretor do Ministério da Saúde disse que a EMS era o "parceiro ideal" porque já tinha um produto certificado em testes, o citrato de sildenafila - a substância é o princípio ativo do Viagra. À época, a EMS disse em nota que "não celebrou contrato com o laboratório Labogen" e afirmou que a empresa de Youssef "é um laboratório independente e não tem qualquer vínculo com a empresa". Segundo a Polícia Federal, o Labogen era um laboratório de fachada e foi usado para lavagem de dinheiro e remessa ao Exterior. Youssef e Argese são réus de uma ação penal na 13ª Vara Federal em Curitiba, acusados de usar o laboratório e outras empresas para enviar quase 500 milhões de dólares ao Exterior, entre 2009 e 2013. O doleiro deve depor sobre o caso no próximo dia 31.

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