terça-feira, 10 de março de 2015

Dilma monta "junta de ministros" para tentar salvar sua base de apoio político, que está destroçada


A presidente Dilma Rousseff pediu socorro a um trio de ministros considerados mais hábeis do que os articuladores políticos oficiais do governo para evitar a implosão total de sua base parlamentar no Congresso Nacional. Gilberto Kassab (Cidades), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) foram convocados para atuarem além de suas funções no governo: a partir de hoje, passam a ser articuladores informais do Palácio do Planalto com os partidos aliados. A criação de um núcleo informal de articulação foi discutida em reunião com a presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente, Michel Temer, na noite de segunda-feira, diante dos sucessivos tropeços da dupla Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais). Os dois foram especialmente responsabilizados pela derrota acachapante do petista Arlindo Chinaglia na disputa pela presidência da Câmara e pela falta de negociação prévia no envio do pacote fiscal ao Congresso. Além disso, o Palácio do Planalto trava uma guerra com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após a divulgação da lista do petrolão - ambos avaliam que o governo tenta empurrar o escândalo para a cúpula do Legislativo. Dilma foi cobrada para que semanalmente faça reuniões com líderes partidários e ministros não petistas para ouvir demandas e negociar pautas de votação do Congresso. Apesar dos apelos do PMDB, Michel Temer, alijado do núcleo duro do governo, não participa do grupo de conselheiros pessoais de Dilma, formado por José Eduardo Cardozo (Justiça), Mercadante (Casa Civil) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência). Em reunião com a presidente nesta segunda, Temer disse ser legítimo que ela tenha seus próprios conselheiros pessoais e defendeu que a ela forme um conselho "mais aberto" para discutir semanalmente temas urgentes para o governo. Por essa lógica, no impasse com a greve dos caminhoneiros, por exemplo, seriam ouvidos ministros e deputados com interlocução com a categoria; em discussões sobre as mudanças nos benefícios trabalhistas, seriam chamados parlamentares ligados a causas sindicais. A avaliação de aliados é que seriam mais proveitosas conversas menores e mais focadas, e não grandes reuniões esparsas com empresários e ministros.

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