quinta-feira, 19 de março de 2015

Banco Central diz que o sistema bancário não será ameaçado pela Operação Lava Jato


O sistema bancário brasileiro tem robustez para suportar eventuais impactos da Lava Jato, afirmou o diretor de fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, após o banco apontar, em relatório, que a operação desperta atenção sobre eventuais efeitos na capacidade de pagamento dos tomadores de crédito - e, consequentemente, nas provisões dos bancos. Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, Meirelles disse que a investigação, que apura esquema de desvios milionários na Petrobras, merece atenção e monitoramento permanente do Banco Central pelo fato de ser uma "operação de porte, que atinge setor relevante do ponto de vista econômico". Apesar de reconhecer que o impacto exato da Lava Jato só será conhecido mais adiante, conforme avançam as investigações, Meirelles afirmou que a autoridade monetária está confiante que as condições do sistema bancário brasileiro se encontram em situação robusta para suportá-lo. "Temos bastante segurança da capacidade do nosso sistema financeiro de absorver eventuais impactos", disse. No início do mês a agência de classificação de risco Moody's divulgou um relatório em que mostra apreocupação com os bancos brasileiros, especialmente pelo risco de respingos dos problemas da estatal. Depois de rebaixar a nota de crédito da Petrobras, a agência alertou para os riscos que os bancos públicos brasileiros correm, uma vez que poderiam ser obrigados pelo governo a oferecer à Petrobras e seus fornecedores suporte para evitar uma crise de crédito. Em Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta quinta, o Banco Central apontou uma tendência de manutenção da resiliência do sistema de crédito. Contudo, indicou que o "acesso mais restrito a financiamentos pelas empresas investigadas no contexto da Operação Lava Jato e seus fornecedores, bem como indefinições quanto às condições e custos de oferta de energia elétrica e de água, ensejam atenção relativamente aos seus impactos potenciais sobre a capacidade de pagamento dos tomadores de crédito". No documento, o Banco Central avaliou que "o sistema financeiro nacional, em geral, encontra-se com adequado nível de provisões" (reservas) para o risco de crédito. Segundo o Banco Central, o sistema bancário brasileiro seguiu apresentando baixo risco de liquidez e elevada solvência no segundo semestre de 2014, apesar de cenário marcado por ambiente externo complexo e com desafios fiscais no lado doméstico. "O risco de liquidez de curto prazo do sistema bancário brasileiro, que já se apresentava em baixo patamar, reduziu-se ainda mais no segundo semestre de 2014, evento fortemente influenciado pela elevação do estoque de ativos líquidos nas instituições financeiras", trouxe o documento. A autoridade monetária indicou que o Índice de Liquidez do sistema passou a 2,02 no segundo semestre, ante 1,71 na primeira metade do ano. No relatório anterior, o Banco Central havia publicado um índice de liquidez de 1,51 para o primeiro semestre. Quanto ao mercado de crédito à pessoa física, o relatório assinalou que pesquisa realizada em dezembro pelo Banco Cenral mostrou uma potencial redução na oferta de empréstimos em função da preocupação com o nível de emprego e com as condições salariais. Isso pode impactar a concessão e os riscos de crédito nas carteiras de crédito para pessoas físicas no início de 2015. Na véspera, o Ministério do Trabalho divulgou que o Brasil perdeu 2.415 vagas formais de trabalhono mês passado, no pior resultado para meses de fevereiro desde 1999, após o registro de 81,8 mil demissões líquidas em janeiro.

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