segunda-feira, 23 de março de 2015

Agência rebaixa nota da Sete Brasil para "calote seletivo"

A agência de classificação de risco Standard & Poor´s rebaixou a nota da Sete Brasil, principal parceira da Petrobras para a exploração do pré-sal, para SD (calote seletivo). O motivo foi o não pagamento de US$ 250 milhões que haviam sido emprestados pelo britânico Standard Chartered e haviam vencido no dia 17 de março. O banco acionou o fundo garantidor do setor naval para receber sua parte no "seguro contra calote". O Standard Chartered fez parte de um grupo de bancos estrangeiros que, juntos, concederam R$ 2,6 bilhões à Sete, empréstimos que já tinham sido renegociados anteriormente. A agência afirmou que ainda é possível um acordo entre a empresa e outros credores, mas que os riscos são maiores, já que a Sete não tem garantido o financiamento de longo prazo. A Sete Brasil foi criada com a promessa de que haveria financiamento de longo prazo do BNDES, que já deveria ter liberado US$ 9 bilhões à companhia. Um dos principais projetos do governo Dilma, ela gerenciaria a construção de 28 sondas para uso na exploração do pré-sal. A empresa, no entanto, entrou na investigação da Operação Lava Jato após Pedro Barusco, ex-diretor de operações, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas -reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal. A partir daí, o banco de fomento segurou o desembolso do empréstimo de longo prazo. Para manter as operações enquanto esperava os recursos do BNDES, a Sete contraiu um empréstimo de curto prazo de R$ 12 bilhões, de um grupo de bancos nacionais e estrangeiros. A maior parte dessas dívidas já venceu, e o BNDES não pretende liberar o dinheiro diretamente para a empresa. A proposta do banco de fomento é repassar o dinheiro aos bancos credores, que assumiriam o risco. Santander, Itaú e Bradesco, que fazem parte do grupo credor, tentaram deixar com a Caixa Econômica e o Banco do Brasil a tarefa de financiar a Sete. Na reunião realizada na última semana, os bancos públicos admitiram estudar o negócio, desde que o valor fosse inferior a US$ 9 bilhões. Para isso, a Sete precisaria encolher, reduzindo o número de sondas inicialmente planejadas. O Santander e o Bradesco, que além de credores são também sócios do empreendimento, aceitam uma redução no projeto, mas não querem que ela seja drástica a ponto de comprometer o retorno dos R$ 8,3 bilhões que investiram. Analistas do mercado acham que o BNDES pode também ter passado a duvidar da viabilidade do projeto. A Sete foi criada numa fase em que o barril de petróleo estava acima de US$ 100,00. O preço despencou para US$ 55,00.

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