segunda-feira, 16 de março de 2015

Aécio Neves diz que "Dilma zombou da inteligência dos brasileiros"


Um dia após a maior mobilização popular desde a redemocratização, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, disse nesta segunda-feira que a dimensão dos protestos, fator que surpreendeu governo e oposição neste domingo, foi influenciada pelo pronunciamento da presidente na TV no domingo anterior. "Dilma zombou da inteligência dos brasileiros ao atribuir a gravidade da crise no País a uma crise internacional que já não existe mais e à seca. É um acinte", disse o tucano. Instado pelos jornalistas a dar um conselho à presidente, Aécio Neves clamou pela admissão de erros de Dilma, que segundo ele ainda não reconheceu sua responsabilidade pela crise econômica brasileira. "Olhar nos olhos dos brasileiros, o que ela não fez ontem. E fazer uma mea culpa. É o primeiro ponto para a mudança de rumo. Todos nós estamos sujeitos a erros", sugeriu: "Não é possível que ela imagine que não tenha nenhuma responsabilidade pelo descalabro que tomou conta da administração pública federal". "O próprio governo não acredita muito nas medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda. É um governo de duas cabeças. A presidente quer fazer crer que pode existir um governo do ministro Joaquim Levy e um da presidente", acrescentou. Ele sinalizou que a oposição ao governo Dilma não deve aceitar a tentativa de aproximação, citada na noite de domingo pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, como uma das medidas que a presidente deve tomar para contornar a insatisfação. "Ela nunca demonstrou qualquer intenção nessa direção. No discurso de vitória nas eleições, ela falou em diálogo e essa palavra sumiu no vento. Nem sequer citou meu telefonema de reconhecimento da vitória, quando eu disse a ela que ela tinha a tarefa de unir o País. Dei a ela um sinal, mas não fui compreendido", disse Aécio Neves. O senador tucano analisou os pedidos de parte dos brasileiros que foram às ruas pelo impeachment da presidente, um das palavras de ordem da onda de protestos que tomou o País neste domingo. Para Aécio Neves, o processo ainda não tem base jurídica para ser promovido e não deve ser encampado pelos partidos da oposição. "Impeachment precisa de dois componentes, um de ordem política que não está longe de ocorrer, está expresso na insatisfação, e outro jurídico que ainda não está colocado", disse: "Torço para que isso não ocorra. Essa não é uma agenda dos partidos de oposição". Aécio Neves disse que líderes da oposição vão se reunir nesta terça-feira em Brasília para analisar o saldo dos protestos contra Dilma e o PT. Eles pretendem atrair partidos da base governista para propor uma agenda de reformas tributária e política.

Nenhum comentário: