sábado, 14 de março de 2015

Acusadas de chefiarem os black blocs entram na lista de procurados do Disque-Denúncia


Acusadas de chefiarem os black blocs e de incitarem manifestantes a praticarem atos violentos em protestos ocorridos desde junho de 2013, as foragidas Elisa Quadros, a Sininho, e Karlayne Moraes Pinheiro, a Moa, entraram, nesta sexta-feira, na lista do Portal dos Procurados, do Disque-Denúncia (2253-1177). Elas tiveram a prisão decretada em outubro, após terem supostamente desrespeitado medida cautelar que as proibia de participar de protestos. De acordo com a Polícia Civil, Sininho e Moa estiveram numa manifestação em 15 de outubro em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia. Elisa já foi presa duas vezes. A última foi em 11 de julho. No entanto, ela foi liberada duas semanas depois, após receber um habeas corpus da 7ª Câmara Criminal. Para o juiz responsável pelo processo, Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, o descumprimento das medidas cautelares por Sininho e Moa demonstra que elas continuam integrando o grupo acusado de violência em manifestações. “A aplicação das referidas medidas se mostra insuficiente e inadequada para garantia da ordem pública, tendo em vista que os acusados insistem em encontrar os mesmos estímulos para a prática de atos da mesma natureza daqueles que estão proibidos”, escreveu o magistrado em dezembro, ao decretar a prisão das duas. Nesta sexta-feira, em mais uma audiência do processo contra 23 manifestantes acusados de atos violentos, realizada na 27ª Vara Criminal, o juiz ouviu o depoimentos de oito réus. Na sessão, os ativistas Felipe Proença e Shirlene Feitosa da Fonseca, entre outros, negaram as acusações. Eles disseram, por exemplo, que não participaram de reuniões fechadas para planejar a destruição de prédios públicos e quebra-quebra de agências bancárias. Proença foi primeiro a prestar depoimento. Ele disse que participou de manifestações e admitiu integrar a Frente Independente Popular (FIP), que seria a entidade responsável pela organização dos atos. No entanto, garantiu que não agiu com violência: "Só fui a três reuniões da FIP. Mas tenho orgulho de participar de movimentos populares. Só presenciei violência da parte dos policiais, não dos manifestantes". Shirlene também negou participação em confrontos e depredações. "A gente viu uma reação muito violenta da polícia, e as pessoas reagiram como consequência. Os black blocs se tornaram um fenômeno das manifestações, mas eu nunca participei disso", afirmou. Parentes dos réus foram impedidos pelo juiz de assistir à audiência desta sexta-feira. Somente advogados, promotores e a imprensa puderam acompanhar os depoimentos, que se estenderam até a noite. Do lado de fora, um grupo de 20 manifestantes gritava palavras de ordem em frente ao Fórum, em protesto contra o julgamento. Na quinta-feira, em outra audiência do processo, o magistrado expulsou os réus e a plateia da sessão, após acusados fazerem um protesto dentro da 27ª Vara Criminal. Os ativistas respondem a processo por depredação de patrimônio público e privado, uso de violência contra cidadãos, lesões corporais e corrupção de menores. Dos 23 acusados, três estão presos: Igor Mendes da Silva, Fábio Raposo e Caio Silva de Souza (os dois últimos estão detidos por causa de outro processo, em que são acusados também da morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão num protesto na Central).

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