terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Reprodução assistida com DNA de três pessoas é aprovada no Reino Unido

Em uma votação considerada histórica, a Câmara dos Comuns, do Parlamento britânico, aprovou nesta terça-feira (3) uma lei que permite a reprodução assistida com o DNA de três pessoas. A técnica, desenvolvida por especialistas em Newcastle, combina o DNA dos pais com uma pequena quantidade de DNA da mitocôndria de uma outra mulher, substituindo o da mãe. Com isso, segundo os cientistas, seriam evitadas doenças graves que poderiam ser transmitidas ao bebê pela mitocôndria (a usina de energia da célula) materna diagnosticada como "defeituosa". O procedimento é palco de controvérsia no Reino Unido, que agora pode se transformar no primeiro país a legalizar esse tipo de técnica. Ao todo, 382 membros do Parlamento votaram a favor e 128 contra. A lei precisa passar por uma votação até o fim do mês na Câmara dos Lordes (a câmara alta), que deve ser apenas ratificar a votação dos Comuns, esta sim considerada crucial para que o projeto avançasse. Com a aprovação final, os primeiros bebês poderão nascer em 2016. A mídia britânica apelidou o estudo de a criação do "bebê de três pais". Hoje, a legislação local proíbe que embriões geneticamente alterados sejam implantados em uma mulher. Setores das igrejas Anglicana e Católica têm manifestado oposição ao uso do material genético de três pessoas para concepção. Alegam, entre outras coisas, que o estudo não é seguro, muito menos ético porque, entre outras coisas, destrói embriões. A Igreja da Inglaterra pede que o debate seja aprofundado antes de qualquer aprovação. Ao mesmo tempo, políticos, entidades médicas e ativistas se colocam a favor da lei sob o argumento de que salvará vidas no futuro e de que é irrelevante a transmissão genética do DNA mitocondrial, neste caso, da mulher doadora - representa apenas 0,1% do DNA total. Segundo a mídia britânica, cerca de 150 casais podem ser beneficiados a cada ano com a técnica, ou 2.500 mulheres em idade reprodutiva no Reino Unido. Uma em cada 200 crianças seria vítima de uma falha decorrente da mitocôndria. Geralmente, as doenças afetam coração e atividades musculares, causam cegueira e podem levar à morte. O governo britânico, em tese, tem apoiado o projeto de lei, mas evitou dar uma orientação oficial aos seus representantes no Parlamento. Por meio do porta-voz, o primeiro-ministro David Cameron disse ser um "forte" defensor desse tipo de doação mitocondrial. O projeto vem sendo discutido nos últimos cinco anos no Reino Unido. Pela legislação, a doadora do DNA mitocondrial permaneceria anônima e não teria qualquer direito sobre a criança. 

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