sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O delator Pedro Barusco diz que acordo de propina na Petrobras foi selado na Itália com indicado pelo PT


Os valores das propinas que deveriam ser pagos aos agentes públicos daPetrobras e aos empresários da Setebrasil para o funcionamento da máquina de corrupção na estatal foram selados em Milão, na Itália, em outubro de 2011. Julio Camargo (lobista da empreiteira Toyo-Setal), Renato Duque (diretor de Serviços da Petrobras), João Carlos Ferraz (então presidente da Sete Brasil) e Pedro Barusco (gerente de Serviços da estatal) acertaram os detalhes em um jantar com o presidente do banco suíço Cramer e um agente da instituição, chamado Pierino Lardi. No dia seguinte, eles abriram contas em nome de off-shores no banco suíço, exceto Camargo, que já mantinha relacionamento com os europeus. É o que diz o próprio Pedro Barusco, em depoimento da delação premiada prestado em novembro ao Ministério Público Federal (MPF) e revelado na última quinta-feira pela Justiça Federal. Ele contou que foram abertas 19 contas em nove bancos e confirmou que o esquema de propinas teve início em 1997. A Sete Brasil é a empresa formada pela Petrobras e sócios privados para administrar o aluguel de sondas para o pré-sal. O delator abriu a conta em nome da off-shore Natiras Investiments Corporation; Renato Duque, nomeado diretor de Engenharia da estatal por influência do então chefe da Casa Civil, o bandido petista mensaleiro José Dirceu, em 2003, usou a off-shore Drenos; e João Ferraz, a Firasa. Os dados das contas foram repassados a Guilherme Esteves de Jesus, operador junto ao Estaleiro Jurong, que fazia os depósitos. Essas informações foram prestadas por Barusco em depoimento ao Ministério Público Federal, no acordo de delação premiada. De acordo com Barusco, há uma planilha detalhada que descreve o faturamento do estaleiro no mês e o valor total da propina e a parcela que cabia a Renato Duque, João Ferraz e Eduardo Musa, que posteriormente também abriu uma conta no Cramer. O faturamento do estaleiro começou a ser contabilizado em janeiro de 2013, e os valores lançados no mês seguinte, data do início da distribuição da propina, segundo a delação premiada. Barusco diz ter ganho, no primeiro pagamento, a quantia de US$ 377 mil. Ele reclamou com os demais suspeitos de que achava "injusta a distribuição estabelecida por João Vaccari Neto", tesoureiro do PT convocado na última quinta-feira para prestar esclarecimentos à Polícia Federal (PF) em São Paulo. O delator informou ao Ministério Público Federal que tinha mais de US$ 8 milhões em uma conta relativos aos depósitos de propinas da Petrobras.

Apelidos para as contas na Suíça
A planilha de Barusco coloca apelidos para as contas abertas por cada um dos beneficiados pela propina. MW é My Way, apelido de Renato Duque. Mars (abreviatura de Marshal ou Marechal) é João Ferraz. MZB é Eduardo Musa. Sab é o próprio Barusco, que colocou iniciais de Sabrina, uma ex-namorada. E Moch é João Vaccari Neto, uma referência à mochila que o tesoureiro do PT sempre carrega consigo. Os valores mencionados nas planilhas de Barusco são impressionantes. Há meses em que o somatório de depósitos aos supostos tomadores de propina (a maior parte dinheiro colocado em bancos suíços) é de US$ 4 milhões, US$ 5 milhões e até US$ 10 milhões. Barusco é alvo da Operação Lava-Jato, por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. O depoimento do ex-gerente serviu de base para a nona fase da operação da Polícia Federal, deflagrada na quinta-feira eapelidada de “My Way”, em referência a como Barusco chamava o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, também investigado.

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