sábado, 14 de fevereiro de 2015

Leopoldo López é atacado em prisão militar nos arredores de Caracas


Na noite desta quinta-feira, no momento em que o presidente da Assembleia Nacional, o deputado Diosdado Cabello, acusava na TV militares e opositores de um complô para derrubar o governo venezuelano, o líder opositor Leopoldo López, detido em uma prisão militar desde o ano passado após os protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro, era violentamente atacado em sua cela, denunciou ontem a ONG Human Rights Watch (HRW). Homens encapuzados e fortemente armados entraram na cela de López com o único objetivo de intimidá-lo e castigá-lo, afirmou José Miguel Vivanco, diretor da HRW para a América. Após ter sido agredido, ele foi levado para uma cela de castigo, onde permaneceu isolado, sem acesso à família ou a seu advogado, segundo relato da ONG. Seus pertences foram destruídos. Na quinta-feira, data que marcava um ano das manifestações contra Maduro, López, desde a prisão, mandou mensagens via twitter pedindo para o povo não desistir da luta. Em comunicado, Vivanco responsabilizou o governo de Nicolás Maduro pela vida e pela integridade de López, “injustamente detido há quase um ano”. “Pedimos a comunidade internacional, principalmente aos Estados membros da Unasul, que vêm mantendo um silêncio cúmplice, que se pronuncie sobre os abusos cometidos na Venezuela e exija a imediata e incondicional liberação de López e outros presos similares”, disse Vivanco. De acordo com as novas acusações do governo, o ex-comandante da aviação, o general reformado Maximiliano Hernández Vásquez; o coronel José Suárez Rómulo; o prefeito da oposição da região metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma; e o empresário José Gustavo Arocha estão envolvidos no suposto complô. Os demais acusados, militares de baixo escalão, não tiveram seus nomes revelados. Já o prefeito de Libertador, Jorge Rodríguez, disse que o general da aviação Oswaldo Hernández Sánchez, que também estaria implicado no complô, revelou que o deputado da oposição, Julio Borges, dirigente do partido Primero Justicia, foi a pessoa que escolheu os “objetivos táticos” que seriam atacados. Sánchez foi um dos três oficiais da aviação a ser detido ano passado, por suposta participação em outra tentativa golpe de Estado denunciada pelo governo. Na quinta-feira à noite, o próprio presidente Nicolás Maduro também afirmou durante o seu pronunciamento na TV, em comemoração aos 201 anos da independência do país, que cinco oficiais da Força Aérea tinham sido detidos pelas autoridades, por suspeita de envolvimento em um golpe de Estado com o apoio de vários opositores e dos Estados Unidos. "Desmantelamos um atentado golpista contra a democracia, contra a estabilidade da nossa pátria. Trata-se de uma nova tentativa de usar um grupo de oficiais da Força Aérea para provocar ato violento, um atentado, um ataque", disse o ditador, sem apresentar provas. Maduro informou que os oficiais detidos tinham instruções para gravar um vídeo de um “general golpista, que está preso e julgado”, para depois, “com um avião Tucano, bombardear o palácio do governo”, as sedes dos ministérios da Defesa, do Interior e da Justiça, e do canal de televisão Telesur. "Todos os oficiais envolvidos estão presos e prestam depoimentos. Pagaram em dólares, deram uma missão e vistos americanos", disse Maduro, ao denunciar o envolvimento dos Estados Unidos na conspiração, e acrescentando também que pistas levam a políticos de direita. A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, classificou as acusações como "ridículas". Na noite desta sexta-feira, Cabello e Rodriguez foram ao ar na rede de TV Telesur dizendo ter provas não apenas da tentativa de golpe contra Maduro, mas também do apoio americano à derrubada do ditador venezuelano. A dupla exibiu um trecho de cerca de dez segundos, no qual militares aparecem conversando em uma sala, e identificou os oficiais que aparecem no vídeo. Cabello e Rodriguez também exibiram um trecho da entrevista do presidente americano, o muçulmano Barack Obama, à revista "Vox", na qual ele afirma que, muitas vezes, "os Estados Unidos são obrigados a torcer o braço de países que não fazem aquilo que julgamos necessário", e criticaram as declarações da porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, e o pacto de transição publicado na última quarta-feira, citando nomes da oposição como Henrique Capriles, María Corina Machado e Antonio Ledezma como responsáveis pela tentativa de golpe. 

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