sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Itália e Brasil negociam destino do bandido petista mensaleiro foragido Henrique Pizzolato


Os governos do Brasil e da Itália vêm fazendo reuniões para tratar do destino do ex-diretor do Banco do Brasil, o bandido petista mensaleiro foragido Henrique Pizzolato, condenado no processo do Mensalão do PT. Em Roma, ninguém esconde que a decisão sobre a extradição será tomada com base em interesses políticos. Fontes do governo do primeiro-ministro Mateo Renzi confirmaram à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo que, antes mesmo de a Corte de Cassação dar o sinal verde para a extradição do brasileiro, os dois governos multiplicaram os encontros para tratar do tema. Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, o bandido petista mensaleiro foragido Henrique Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão. Mas, há um ano e cinco meses, fugiu do País com um passaporte falso. Em primeira instância, a Corte de Bolonha negou sua extradição argumentando que as prisões brasileiras não têm condições de recebê-lo. Nessa quinta-feira, porém, a Corte de Cassação reverteu a decisão, autorizou a extradição e mandou prender Henrique Pizzolato. Agora, é o governo italiano quem terá a última palavra no caso e deve anunciar seu parecer em 45 dias. Mas Roma, que já havia se preparado para a decisão favorável da Corte pela extradição, examinou a devolução do condenado com o Brasil à luz da relação entre os dois países e levando em consideração diversos pontos de interesse, inclusive a situação de Cesare Battisti, terrorista italiano que ganhou refugio no País. A Itália espera que uma eventual entrega de Henrique Pizzolato significará a abertura de importantes espaços para os negócios e os interesses políticos do país. Reuniões de representantes de Brasília foram realizadas em diversos ministérios italianos, principalmente na chancelaria e no Ministério da Justiça. Os encontros, segundo fontes italianas, serviram para que a posição de cada um fosse escutada e para que o Brasil tivesse a ocasião de explicar o motivo pelo qual acredita que Henrique Pizzolato deve voltar. O Brasil considera haver dois cenários possíveis: se a Itália optar por privilegiar as relações bilaterais, vai sair em defesa da extradição. Se o governo seguir a norma de que não extradita italianos, Pizzolato ficará no país. Funcionários de alto escalão do governo de Renzi já teriam indicado que existe uma tendência dentro do Ministério da Justiça de privilegiar a primeira opção. Mas, segundo fontes do governo italiano, Orlando não vai agir sozinho e o destino de Pizzolato será "uma decisão de Estado". Nas últimas semanas, diversos ministérios se reuniram e o caso chegou até a presidência do país para um parecer. O Ministério da Justiça da Itália reconhece que o caso não será uma "decisão individual". Do comércio de fragatas ao setor de telecomunicações, investimentos e proteção de interesses italianos, diplomatas italianos admitem que a pauta colocada sobre a mesa por Roma é extensa. No Parlamento Italiano, o tema também é alvo de reuniões. "Essa é a hora do lobby", declarou a deputada brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno. "A Itália vai ser coerente com sua postura", insistiu. Ela tem distribuído documentos e informações a diversos ministérios e parlamentares para defender a extradição de Pizzolato. Na semana que vem, tentará falar com o próprio primeiro-ministro, Mateo Renzi, sobre o caso. Fontes na Itália e no Brasil, no entanto, também reconhecem que, a partir de agora, entra em jogo a decisão do ex-ministro da Justiça, o peremptório petista "grilo falante" e tenente artilheiro e poeta de mão cheia Tarso Genro de não extraditar o terrorista assassino Cesare Battisti, em 2010, condenado na Itália por quatro assassinatos. Eduardo Pelella, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral da República, reconhece que o caso Battisti "pode" pesar. Do lado italiano, sempre na condição de anonimato, representantes de Renzi indicaram que "não tem como ignorar" a decisão brasileira sobre o terrorista Battisti. Famílias das vítimas do terrorismo na Itália já se mobilizam para fazer o lobby pela "troca" e tem destacado que Pizzolato pode ser uma "oportunidade" para tirar o Brasil de uma posição de imobilismo.

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