quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Escalada do dólar leva moeda a R$ 2,87 — novo recorde em dez anos


A escalada recente do dólar parece longe de terminar. A moeda subiu mais de 1% nesta quarta-feira, aproximando-se de 2,90 reais, ainda pressionada pela aversão ao risco no Exterior e preocupações com a deterioração da economia doméstica. No fim da sessão, a moeda norte-americana subiu 1,33%, a 2,87 reais, maior nível desde 19 de outubro de 2004. Na máxima da sessão, a divisa alcançou 2,88 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,9 bilhão de dólares. No mês, acumula valorização de quase 7%. No âmbito doméstico, o descontentamento em relação à economia ainda predomina no mercado. Cresce o temor de que a meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano não será cumprida, depois do resultado ruim do ano passado das contas públicas e em meio às dificuldades por que passa a economia neste começo de ano, com a lua de mel entre mercado e governo já terminada. A todo o momento surgem dúvidas de que a equipe de Joaquim Levy pode ter que ajustar a meta. O economista do Santander, Maurício Molan, colocou em dúvida o cumprimento não só do superávit primário, como também das metas de inflação. Segundo ele, o Santander prevê uma alta de 7,3% no IPCA este ano, o que dificulta muito a convergência para o centro da meta, de 4,5%, em 2016, como tem prometido o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. "O efeito inercial é muito grande", afirmou. Os indicadores reforçam as dificuldades do governo. Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou dados do varejo no ano passado e os números desapontaram ao mostrar o menor crescimento em 11 anos. Os indicadores sinalizam contração da atividade, o que dificulta ainda mais o cumprimento da meta fiscal, já que, crescendo menos, o País arrecada menos. Assim, a economia terá que ser feita por meio de aumento de impostos e corte de investimentos e despesas discricionárias. "O dólar está sem defesa", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho: "Aqui dentro está uma confusão e lá fora não ajuda, então o mercado puxa". 

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