segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Eduardo Cunha: “Aborto e regulação da mídia, só por cima do meu cadáver”; “modelo de partilha no petróleo tem de acabar”; “o PT quis esfacelar o PMDB”

Como? Você não gosta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara? É um direito seu. Acha que ele recorre a esse ou àquele métodos que não são muito bacanas? Que sejam expostos, então. Agora, rejeitá-lo porque ele sabe fazer política, aí não dá! Há muito eu não via alguém no seu posto falar com tanta clareza e demonstrar altivez. Se for tudo firula e se isso ficar claro, a gente aponta. Eu, por exemplo, nunca pensei num presidente da Câmara para ser meu amigo pessoal, meu genro, meu confidente, meu “companheiro”… No cargo, é preciso ter alguém que se ocupe de questões institucionais, fale com clareza e mantenha a independência do Legislativo, que não pode ser nem doado nem vendido ao Executivo.

Eduardo Cunha concedeu duas excelentes entrevistas neste fim de semana. Uma às “Páginas Amarelas”, da VEJA, e outra ao Estadão. Daquelas de deixar jornalistas “progressistas”, que já perderam o costume de viver numa sociedade democrática, arrepiadinhos. Daquelas de indignar os barbudinhos suados que querem “controlar a mídia”. Daquelas de deixar com ódio os vagabundos que hoje são alimentados por estatais para pregar a censura à imprensa.
Cunha dá uma resposta menos assertiva quando lhe perguntam se a Operação Lava Jato vai ou não atingi-lo. Indagado se pode ser processado pelo STF, responde: “Não sei. Está tudo esclarecido, estou tranquilo em relação a isso”.
Leiam a sua opinião sobre alguns temas, expressos nas duas entrevistas.
Regulação da mídia
Na VEJA: “Sou absolutamente contrário à regulação da mídia, seja de conteúdo, seja de natureza econômica. O PMDB se originou de uma frente para combater a ditadura. A liberdade de expressão e a democracia são princípios fundamentais para o partido. Você pode me xingar e me atacar à vontade. Se eu me sinto ofendido, tenho o direito de recorrer à Justiça. Como diz aquele velho ditado: para má imprensa, mais imprensa.” E no Estadão: “Regulação econômica de mídia já existe. Você não pode ter mais de cinco geradoras de televisão”.
Ainda aborto e casamento gay
NO ESTADÃO: “Quem está pedindo para ser discutido? Qual é a parte do Congresso que está pedindo? Isso é uma minoria”. Na VEJA: “Não vejo na Casa uma maioria para aprovar uma eventual proposta que autorize a união civil de pessoas do mesmo sexo”.
Reforma política
NO ESTADÃO: “Eu quis mostrar que eles (os petistas) são o empecilho para a reforma política. Eles ficaram uma arara”.
O PMDB e o governo
Na VEJA: “O PMDB identificou claramente as digitais do governo numa tentativa de desestabilizar o partido. O governo patrocina a criação de outros partidos, e já há uma tentativa de cooptação de parlamentares peemedebistas. O PT decidiu trabalhar deliberadamente pelo esfacelamento do PMDB”.
O PMDB e a candidatura própria
NA VEJA: “Time que não joga não tem torcida, e o PMDB está há muito tempo sem jogar. Prevejo mais dificuldades (com o PT) nas eleições municipais. Nesse momento, a prioridade do PMDB é reagir à tentativa do PT de enfraquecer e reduzir o poder do partido”.
Modelo de partilha do petróleo
NO ESTADÃO: “O modelo (de partilha) não funciona. (…) Não é questão de comprar briga, mas de discutir o assunto. A obrigação de a Petrobrás participar de todos os investimentos não é boa. A Petrobrás não tem condição financeira de dar conta dos investimentos que começou a fazer, que dirá de investimentos futuros. Vai atrasar o País”.
Sobre Pepe Vargas, ministro das Relações Institucionais
NO ESTADÃO: “O Pepe, além de tudo, é inábil no trato. É errado na forma e no conteúdo. O quanto eu puder evitar, eu evito. Mas vamos ver, algum interlocutor com o governo haverá”.
Governo atrapalhado
NO ESTADÃO: “Se, em vez de (os governistas) ficarem correndo atrás de pressionar gente para votar no Chinaglia, tivessem colhido assinaturas, poderiam instalar outras CPIs antes da CPI da Petrobrás. Se tivessem o mínimo de articulação política, tinham feito isso. O governo está perdido politicamente. Se eles não mudarem a articulação, vão ter que mudar o método. Precisa rearranjar essa situação”.
Rui Falcão
NO ESTADÃO:  “O Rui Falcão me ligou umas dez vezes esta semana e eu não atendi. Só atendo depois que ele me pedir desculpas pela grosseria que me fez há um ano, disse que eu fazia chantagem”.
Pode ser processado pelo STF?
NO ESTADÃO: “Não sei. Está tudo esclarecido, estou tranquilo em relação a isso”. Por Reinaldo Azevedo

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