quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dilma confirma a petista Miriam Belchior no comando da Caixa Econômica Federal

O Palácio do Planalto confirmou na tarde desta terça-feira a nomeação da ex-ministra Miriam Belchior (Planejamento) para a presidência da Caixa Econômica Federal. Ela substituirá Jorge Hereda no cargo. A posse está agendada para o próximo dia 23. Miriam Belchior chegou ao ministério no primeiro mandato de Dilma poque detém a confiança do ex-presidente Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações"), que a convidou para integrar a equipe de transição em 2002, ano em que foi eleito pela primeira vez. Miriam também é amiga de Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula X9 e ex-ministro de Dilma Rousseff. Os dois trabalharam como secretários em Santo André, no ABC Paulista, na gestão de Celso Daniel, assassinado em 2002. Ela foi casada com Celso Daniel durante 10 anos, mas já estava separada dele quando o ex-prefeito foi assassinado. As circunstâncias ligadas à morte ganharam contornos políticos quando se descobriu no curso das investigações que funcionava em Santo André uma quadrilha montada para tomar dinheiro de empresas de ônibus e financiar campanhas do PT, segundo o Ministério Público. O irmão do prefeito morto, o médico João Francisco Daniel, chegou a apontar Miriam como uma das integrantes do esquema. Em depoimento ao Ministério Público, ela negou participação no caso. Antes de assumir a pasta do Planejamento, Miriam foi secretária-executiva do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e também ocupou o cargo de assessora especial da Presidência da República. Durante sua gestão, o Ministério se limitou a elaborar as peças orçamentárias e a ministra teve desempenho apagado, sobretudo pelo fato de ter sido excluída, pela própria presidente, da tríade de mandatários da equipe econômica. Seu sucessor, Nelson Barbosa, sinaliza que terá um pouco mais de autonomia. Uma das missões de Miriam como nova presidente da Caixa Econômica Federal será preparar o banco para uma abertura de capital, idéia levantada por Dilma no fim do ano passado, mas que ela própria disse que será um "processo demorado". A Caixa Econômica Federal é o maior financiador habitacional do País, com cerca de 70% do mercado nacional. Durante o mandato de Jorge Hereda, a Caixa Econômica Federal mais que triplicou sua carteira de crédito, chegando a 576,4 bilhões de reais em setembro passado, superando no período os rivais privados Santander Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco. O banco foi um dos principais indutores do avanço do crédito — mecanismo que foi sustentado graças a aportes de recursos do Tesouro Nacional. A Caixa Econômica Federal foi um dos principais atores de uma agressiva campanha adotada pelos bancos públicos, no começo de 2012, atendendo ordem do governo federal para reduzir taxas de juros e aumentar a oferta de crédito para evitar uma desaceleração da economia. Entre os efeitos perniciosos dessa campanha estão a manutenção da lucratividade a níveis inferiores aos dos maiores rivais privados. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido da Caixa foi de 17,8% no terceiro trimestre de 2014, dado mais recente disponível. Itaú e Bradesco têm índices superiores a 20%. O índice de Basiléia, uma das métricas mais usadas pela indústria para medir a solidez dos bancos, também é menor na Caixa Econômica Federal. Operacionalmente, a Caixa Econômica Federal é tida por executivos de bancos rivais como incapaz de cobrir suas despesas valendo-se apenas de receitas com serviços, como é a prática de mercado. E a insistência em praticar taxas de juros abaixo da concorrência para ganhar mercado piorou as coisas.

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