quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Depoimento de lobista confirma que Petrobras era um centro de extorsão

É preciso saber qual é a natureza do jogo. Não estamos diante de uma questão sem resposta, se o ovo ou a galinha veio primeiro. O que veio primeiro foi um projeto de poder da companheirada. O resto foi um esforço para buscar as fontes de financiamento do assalto ao Estado.

O lobista Júlio Camargo, ex-conselheiro de administração da Toyo Setal, prestou depoimento, não sigiloso, à Justiça Federal do Paraná. E falou o óbvio: “Havia uma regra do jogo de que, se não pagasse propina às diretorias de Engenharia e Abastecimento, uma empresa não teria sucesso ou não obteria contratos da Petrobras. Não posso dizer que era 100%, mas pelo menos nos principais, não tenho dúvida”. 
A diretoria que ele chama de “Engenharia” é a de serviços, cujo titular era o petista Renato Duque. O titular da de Abastecimento era Paulo Roberto Costa. Eis aí: com o tempo, até pode ser que a corrupção tenha se naturalizado, mas as empresas sabiam que tinham de pagar o preço.
O Ministério Público quis saber como as empresas poderiam ser prejudicadas. Ele deixa claro que a quadrilha alegava os mais variados óbices técnicos. Vale dizer: o poder estava com a bandidagem.
O depoimento de Camargo, um dos que fizeram acordo de delação premiada, deixa clara a natureza obviamente política do jogo e que a estatal havia se transformado num centro de extorsão. Pior: a cada vez que um depoimento desses vem à luz, cresce a indenização que a Petrobras terá de pagar a investidores no exterior. Abaixo, segue o depoimento de Camargo. Por Reinaldo Azevedo

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