sábado, 7 de fevereiro de 2015

Datafolha – O desastre Haddad traduzido em números: 44% acham sua gestão ruim ou péssima. Ou: O ciclofaixista ignora a São Paulo real e governa para a Nova York ideal

A pesquisa Datafolha mediu a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Fernando Haddad (PT),  em universos, obviamente, distintos na amplitude: nacional, estadual e municipal, respectivamente. O único que obtém um saldo positivo substancial (14 pontos) é Alckmin. Quem é premiado com a pior avaliação, e isto não me surpreende, é Haddad. Revejam o quadro.

Avaliação - Haddad 2.2015
Só 20% dizem que sua gestão é ótima ou boa, contra 44% que a consideram ruim ou péssima. Os números estão bem próximos do seu pior momento, em junho de 2013: 47% a 15%. O saldo negativo, agora, é de enormes 24 pontos. Um “haddadista” incorrigível diria que já foi de 32… É um jeito de ver as coisas. Em setembro do ano passado, fui surpreendido pelos números do próprio Datafolha, que apontavam uma diminuição substancial da rejeição substancial ao prefeito. Sua gestão, então, teria 22% de ótimo e bom e só 28% de ruim e péssimo. Com todo o respeito e sem inferir nada contra o Datafolha, não acreditei nos números.
E não acreditei porque eles clamavam de forma estridente contra a experiência. Entre ricos e pobres, no centro ou na periferia (e sei do que falo), não detectava esse movimento de adesão ao prefeito. A única área em que Haddad é incensado, aprovado quase por unanimidade, é a imprensa paulistana. A propósito: o Datafolha apontava em setembro que 88% dos entrevistados aprovavam as ciclofaixas… Escrevi à época que isso não era uma opinião, mas um preconceito: como as ditas-cujas se transformaram num fetiche do jornalismo descolado, mesmo quem as reprova não diz. Mas voltemos aos números.
Haddad é do PT, sim, mas é evidente que a crise da Petrobras não afeta a sua reputação. A sua única relação com os assaltantes, até agora, está em pertencer ao mesmo partido de alguns dos ladrões. Mas a população, sabemos, não faz esse juízo. Também os estelionatos eleitorais de Dilma não o atingem. Logo, os motivos que pesam contra a presidente não pesam contra ele.
Alckmin, que ainda aparece bem na fita se o compararmos com os petistas, também vê cair seu prestígio. No seu caso, pesa a crise hídrica — que é bem maior na imprensa do que na vida. De novo, a questão passa longe da Prefeitura. Ao contrário até: o alcaide tenta tirar uma casquinha da crise, apresentando-se, o que é patético, como interlocutor para uma solução. Seria trágico se não fosse momesco.
O fator Haddad
Então o que pesa contra Haddad? Ora, Haddad! À diferença dos outros dois, ele não tem nenhuma conjuntura especialmente negativa. O reajuste da tarifa de ônibus não é suficiente para provocar o estrago que se vê. As minguadas manifestações dos coxinhas vermelhos do Passe Livre evidenciam que a questão não ganhou acento popular desta vez.
Haddad obtém esses números porque a sua gestão é ruim para valer e porque ele decidiu ser o prefeito de uma cidade imaginária. Escolheu ser o porta-voz das elites moderno-esquerdosas, que se querem, intelectuais. Vá medir a popularidade de Haddad entre ciclistas profissionais: ele deve ter quase 100% de aprovação. Também os travestis, agora com direito a bolsa, e todos os militantes das “questões de gênero” certamente o consideram o máximo. E creio que seu prestígio ande bem entre os grafiteiros, que agora já podem sujar até o patrimônio tombado.
Haddad é um nefelibata arrogante, um esquerdista pós-cretino e um coxinha com complexo de revolucionário. A zeladoria da cidade raramente foi tão miserável. Suas ciclofaixas — feitas a um custo escandaloso — se transformaram em um fator de transtorno e só atendem à pressão de meia-dúzia. Não que elas sejam um mal em si: mas é preciso haver um planejamento. Pistas exclusivas para bicicletas não podem ser apenas pedaços pintados de vermelho. O prefeito entregou  parte considerável da área central da cidade a traficantes e consumidores de drogas, financiando, indiretamente, o vício e a venda de drogas ilícitas.
Não é um prefeito, mas um boneco de mamulengo do marketing. Ignora os problemas de São Paulo, sua gente real, suas deficiências reais, sua geografia real, suas ruas reais, suas carências reais, para se comportar como o prefeito de uma Nova York ideal, de uma Amsterdã ideal, de uma Berlim ideal.
Não sei se será ou não reeleito. É muito cedo. Espero que não. Quatro anos já custarão à cidade pelos 40 de atraso. De todo modo, cumpre ficar atento. Não me lembro de nenhuma figura que tenha contado antes com tantos porta-vozes na imprensa paulistana, insuportavelmente provinciana na sua sede de querer parecer “moderna” e “antenada”. Para essa gente, Haddad é um prato cheio: governa para todas as minorias influentes que aparelham o jornalismo.
Atenção: um quilômetro de ciclovia (não de ciclofaixa xexelenta) em Amsterdã custa R$ 210 mil; em Paris, R$ 150 mil. Em São Paulo, o mesmo tanto de ciclofaixa, em meio a buraqueira e mato, sai por R$ 650 mil. Haddad ainda tem muito espaço para cair.  Por Reinaldo Azevedo

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