segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Com 2,5 milhões de cópias, novo "Charlie Hebdo" busca normalidade

Um mês e meio após os atentados em Paris, será lançada na quarta-feira (25) uma nova edição do semanário satírico "Charlie Hebdo", com tiragem de 2,5 milhões de exemplares. A edição marca o retorno à frequência semanal da publicação e busca promover um clima de normalidade, apesar das mortes de membros da redação e das ameaças trazidas pelos ataques em Copenhague, no dia 15. Esta é a primeira edição do "Charlie Hebdo" após a "edição dos sobreviventes", publicada uma semana após o ataque à sede do semanário. Na ocasião, a procura por exemplares provocou uma corrida às bancas de jornal na França, esgotando em poucos minutos os oito milhões de exemplares impressos. "O semanário, assim como qualquer outra publicação, deve continuar porque a vida continua, as novidades continuam. Nós não existimos para provocar choros em casa, somos um jornal satírico, engraçado, é preciso que nós façamos as pessoas rirem com assuntos cotidianos" afirmou em entrevista Patrick Pelloux, que escreve para o "Charlie Hebdo" desde 2004.

A capa da nova edição, divulgada nesta segunda-feira (23), é ilustrada pelo cartunista Luz e exibe um cachorro que leva um exemplar do semanário em sua boca sendo perseguido por líderes franceses, terroristas e por um Papa, também retratados como cães. "Aqui vamos nós de novo!", afirma o título da publicação. O cachorro, explica Luz, é um animal "irresponsável e submisso". "Irresponsável é o 'Charlie', submissos são todos os demais que correm atrás", afirmou o cartunista. A imprensa francesa especula que o conteúdo da edição aborde temas como os escândalos sexuais do ex-diretor do FMI ,Dominique Strauss-Khan, e os ataques em Copenhague no dia 15, que deixaram dois mortos e cinco feridos após disparos em um evento em defesa da liberdade de expressão e nas cercanias de uma sinagoga. A sede do semanário foi atacada no dia 7 de janeiro pelos irmãos Said e Chérif Kouachi, deixando 12 mortos. O semanário é conhecido por publicar charges que satirizam, dentre outros, o profeta do Islã, Maomé.

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