segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Auditor fiscal da prefeitura de São Paulo tem R$ 20 milhões em imóveis


Um auditor fiscal da Prefeitura de São Paulo acumulou ao menos 55 imóveis, avaliados em cerca de R$ 20 milhões, desde que assumiu esse cargo, há quase 30 anos. Outros 28 imóveis, entre apartamentos, escritórios, casas e terrenos na capital e no litoral, foram vendidos por ele por R$ 11 milhões. O fiscal é José Rodrigo de Freitas, de 54 anos. Considerado o número 1 entre os investigados por enriquecimento ilícito pela Controladoria Geral do Município, ganhou apelido de "rei dos fiscais". Ele recebe salário de R$ 21 mil da prefeitura. Sem gastar em mais nada, teria de trabalhar 113 anos para juntar a soma de dinheiro que movimentou em imóveis, aproximadamente R$ 31 milhões. Os imóveis em nome dele, localizados em diferentes cartórios nas duas últimas semanas, foram adquiridos somente no período em que atua como fiscal. Funcionário de carreira da Secretaria Municipal de Finanças desde 1988, ele trabalha no setor de cadastros imobiliários da prefeitura. É esse o setor que define, por exemplo, valores base para a cobrança de impostos sobre imóveis como IPTU e ITBI. Ao mesmo tempo, numa atividade paralela, atua como incorporador. Ele compra terrenos que depois são transformados em novos imóveis. Na mira da controladoria da cidade, o fiscal ainda investe na compra e venda de apartamentos e escritórios. Boa parte dos imóveis comprados por ele fica na região de Santana, bairro de classe média da zona norte que sofreu um boom de novos empreendimentos na última década e hoje tem ruas entre as mais valorizadas da cidade. Entre os 83 imóveis que negociou, 50 deles foram comprados nos últimos dez anos. Em 2006, por exemplo, com alguns sócios, comprou nove apartamentos de luxo na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, litoral norte. A venda de oito deles nos anos seguintes, cujos valores somados chegam a R$ 4,7 milhões. Em outro negócio imobiliário, na Vila Guilherme (zona norte), o fiscal foi sócio de Amilcar Cançado Lemos, auditor fiscal suspeito de ter idealizado o esquema de cobrança de propina de construtoras da máfia do ISS, que deu R$ 500 milhões de prejuízo aos cofres municipais. A Controladoria também encontrou dezenas de imóveis no nome de Freitas, colocando-o no topo da chamada matriz de risco utilizada pelo órgão – além do patrimônio, as possibilidades que determinado cargo tem para cometer atos de corrupção são levados em consideração. Atualmente, além dos imóveis, ele também tem algumas empresas em seu nome, entre incorporadoras, assessorias imobiliárias e SPEs (Sociedades de Propósito Específico), geralmente abertas para a criação de novos empreendimentos imobiliários. Freitas diz que não terá problema para explicar a origem do seu patrimônio –segundo ele, vindo de negociações imobiliárias e de seu salário como auditor. Paralelamente à apuração na prefeitura, o fiscal é investigado pela Promotoria do Patrimônio Público, órgão que apura a máfia do ISS desde fevereiro do ano passado. 

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