quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

União Européia prepara novo plano antiterror


Ministros de Relações Exteriores da União Européia vão discutir a luta contra o terrorismo "em todas as suas formas", após o ataque à redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo, na quarta-feira, ter feito doze vítimas em Paris. Segundo a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, o assunto deverá ser adicionado à agenda da próxima reunião dos ministros, marcada para o dia 19. A Letônia, país que exerce a presidência rotativa do bloco, também vai incluir o tema em uma reunião informal no dia 28. Na próxima segunda-feira, o presidente do Parlamento Europeu deve mencionar o combate ao terrorismo em seu discurso de abertura. O presidente da Comissão Européia, Jean-Claude Juncker, afirmou que o bloco apresentará um novo plano antiterror. “Sei por experiência que não se deve reagir no dia seguinte a uma tragédia, porque se comete o erro de ir longe demais ou ficar muito aquém, mas o que aconteceu em Paris nos interpela a apresentar um novo programa antiterrorista nas próximas semanas”, disse. A União Européia tem várias ferramentas de combate ao terrorismo, desde um serviço de compartilhamento de informações até mecanismos de financiamento do combate ao extremismo, informou a porta-voz da Comissão Européia, Natasha Bertaud. "Nosso papel no combate ao terror é primariamente de apoio", disse, lembrando que cerca de 2.500 integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico podem ter origem européia. Os países da Europa, incluindo a França, já vêm tomando medidas para impedir a ação de radicais. O alerta foi disparado pelo avanço do grupo terrorista Estado Islâmico, que tem levado muitos jovens europeus a viajaram para Síria e Iraque para se unir aos jihadistas. Os governos agora agem para dificultar tanto a saída como o retorno de cidadãos que representem uma ameaça ao país. Segundo autoridades da França, o número de pessoas dispostas a viajar para Síria e Iraque com o objetivo de se unir a facções radicais cresceu 80% no ano passado. Atualmente, estima-se que há mais de 1.100 franceses vinculados com redes jihadistas, sendo que 400 estão entre combatentes na Síria. Até o mês passado, 100 haviam voltado à França: desses, 76 foram enviados para a prisão e os demais são mantidos sob vigilância. No mês passado, a polícia francesa prendeu mais de dez integrantes de uma rede que enviava jihadistas à Síria em operações realizadas em Toulouse, no sul do país, na Normandia, no oeste, e na região de Paris. A rede já teria enviado várias pessoas à Síria, sobretudo jovens franceses de famílias muçulmanas. A Grã-Bretanha também vem endurecendo suas medidas antiterroristas contra os integrantes do grupo Estado Islâmico. Em novembro, o governo anunciou novas regras que inclui o confisco de passaportes de britânicos suspeitos de envolvimento com o terror.  As autoridades contabilizam mais de 750 prisões ligadas ao terrorismo em território britânico, sendo que 212 pessoas foram acusadas pela Justiça, 148 foram condenadas e 138 estão presas desde maio de 2010. Centenas de pessoas também foram expulsas da Grã-Bretanha, incluindo 84 clérigos extremistas. Na Bélgica, as autoridades acreditam que 400 pessoas já deixaram o país em direção ao Oriente Médio. Destes, aproximadamente 10% teriam ligações com o grupo terrorista Estado Islâmico. Mais de 40 membros do Sharia para a Bélgica, grupo terrorista acusado de enviar dezenas de jovens para integrar as fileiras do jihadismo na Síria, estão sendo julgados, incluindo o filho de uma brasileira. As autoridades acreditam que a condenação em massa pode desencorajar outros jovens a se tornarem extremistas. A Alemanha também passou a perseguir suspeitos de integrar o Estado Islâmico. Em novembro do ano passado, a polícia prendeu dois homens acusados de levar pessoas para se tornarem combatentes na Síria. A inteligência do país estima que pelo menos 450 pessoas deixaram a Alemanha para ir à Síria e cerca de 150 já voltaram. Muitos estão sendo criminalmente investigados. A Dinamarca adotou uma posição diferente em relação aos combatentes que retornam ao país, lançando um programa de recuperação para os jihadistas. Com o objetivo de fazer com que os jovens abandonem o radicalismo, as autoridades de Aarhus passaram oferecer atendimento psicológico e auxilio para que os jovens voltem a estudar e procurar emprego.

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