sábado, 17 de janeiro de 2015

Sete igrejas são atacadas na capital do Níger

Ao menos sete igrejas foram queimadas neste sábado (17) na capital do Níger, após protestos contra as caricaturas do profeta Maomé publicadas pelo semanário francês "Charlie Hebdo" resultarem em incidentes violentos em várias cidades. Após a publicação de uma caricatura de Maomé no semanário Charlie Hebdo, vítima de um atentado no início de janeiro, que deixou 17 mortos, protestos violentos têm sido realizados em vários países muçulmanos. Por volta de meio-dia, centenas de jovens se reuniram perto da Grande Mesquita de Niamey sob o slogan "Abaixo a França" e "Allah akbar" (Deus é grande), embora as autoridades tenham proibido manifestações. O templo foi cercado por dezenas de policiais do choque vestidos de capacetes e escudos, que tentaram dispersar o protesto com gás lacrimogêneo. "Vamos quebrar tudo. Vamos proteger o nosso profeta. Vamos defender embora coloquemos o nosso sangue em risco", disse um manifestante com uma pedra na mão. Depois, os incidentes se espalharam para vários bairros do centro da cidade e também nos arredores da catedral, que foi fortemente resguardada pela polícia de choque. "Não tiveram tempo de incendiá-la", disse um policial. No sul Niamey pelo menos sete igrejas foram queimadas em manifestações, em sua maioria igrejas protestantes e alguns deles sem símbolos religiosos visíveis do lado de fora. Depois os manifestantes se dirigiram para o centro e para o norte da cidade, onde há várias igrejas. Vários bares, hotéis e lojas pertencentes a não-muçulmanos ou que ostentavam algum cartaz de uma marca francesa também foram destruídos. De acordo com uma fonte de segurança, seis grupos aglomerando cerca de 200 e 300 pessoas trouxeram o caos para Niamey. Enquanto isso, dezenas de ulemás de Niamey pediam calma aos manifestantes. "Não se esqueçam de que o Islã é contra a violência", disse o pregador Yaou Sonna, que, como outros líderes muçulmanos falou diante das câmeras de televisão pública. Isso é uma mentira, o Islã sempre foi guerreiro, nasceu e se propagou sob o signo da guerra, da espada, de decretação da morte aos "infiéis" (todos que não são islâmicos). Os manifestantes também atacaram várias instalações da empresa francesa PMU e outras como operadora de telefonia francesa Orange. "Alguns permaneceram em suas casas. Eu nunca estive tão assustada em toda a minha vida", disse um mecânico cristão, de sua oficina, onde permaneceu com outros trabalhadores. Através de buracos de sua janela, viu quando manifestantes saquearam um quiosque localizado em frente à sua loja. "Aqui nós somos forçados a fechar a loja. Estamos com muito medo. O Estado tem que colocar um fim a isso", lamentou. Enquanto isso, Kiema Soumaila, gerente de bar Toulousain, um conhecido local de Niamey, disse que desde o início das manifestações, imaginou que estes incidentes iriam ocorrer. Soumaila disse que os manifestantes quebraram a porta do local e depois de quebrar todos os vasos atearam fogo às instalações. "Eu disse a todos os funcionários que saíssem da casa", disse ele. Enquanto isso, em Maradi, cidade localizada entre Niamey e Zinder, foram registrados vários protestos espontâneos em que os pneus foram queimados. Na sexta-feira (16), Zinder, a segunda cidade do país, registrou manifestações contra o "Charlie Hebdo" que resultaram em quatro mortes e 45 feridos.

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