quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Risco de racionamento no Sul e Sudeste ultrapassa 20%, aponta estudo


O risco de racionamento de energia no Sul, Sudeste e Centro-Oeste (SE/CO) é alarmante. Segundo estudo feito pela consultoria Excelência Energética, a probabilidade de os moradores do SE/CO terem de, obrigatoriamente, cortar 5% do consumo de energia (o mínimo de uma situação de racionamento) está em 20,2%. Para o Sul, esse porcentual é ainda maior, de 20,6%. Como base de comparação, há um ano, já com previsões de chuvas escassas para 2014, o risco não passava de 6% para essas áreas. Quando observada a probabilidade de ocorrer novos apagões, como os vistos na segunda-feira em onze Estados, ela sobe para 54,5% no Sudeste/Centro-Oeste e 55,15% no Sul. Há um ano, esse risco estava em 20% aproximadamente. A consultoria levou em conta a relação hoje entre o regime de chuvas previstas, a demanda futura e a capacidade de geração do sistema (já incluindo as usinas termelétricas). Na segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou que seriam ligadas novas térmicas para elevar a produção em 1500 megawatts, parte de Itaipu e outra parte de usinas térmicas da Petrobras que estavam em manutenção. Em um quadro confortável de demanda e oferta de energia elétrica, o ideal seria que o risco de apagão estivesse em menos de 5% e o de racionamento abaixo de 0,5%. “No curto prazo não há o que fazer senão pedir para a população economizar energia”, alerta Erik Rego, diretor executivo da Excelência Energética. Ao contrário do que prevêem os meteorologistas, o novo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tem muita fé em providências divinas e andou falando que, como "Deus" é brasileiro, deve trazer um alívio ao país com umidade e chuvas em breve. Isso depois de negar o risco de racionamento e evitar relacionar os apagões de segunda-feira com um pico de demanda de energia que não foi prontamente compensado pela oferta. Desde 2012 o Brasil vive períodos pluviométricos mais difíceis, com secas acima das vistas nos anos anteriores, e, mesmo assim, nada foi feito para controlar ou amenizar a situação. Se no curto prazo não há nada que possa ser feito além de diminuir a demanda por energia, via conscientização e até racionamento, se necessário, no longo prazo, Erik Rego cita algumas ações plausíveis. A primeira delas seria alinhar a realidade com a ficção. “O planejamento do setor considera cronogramas de entrada em operação comercial de usinas e sistemas de transmissão totalmente utópicos” comenta. Assim, os órgãos responsáveis pelo planejamento e operação do setor elétrico deveriam recalcular as garantias físicas das hidrelétricas. “O que está no papel como energia disponível é diferente da possibilidade efetiva de geração; é preciso um choque de realidade”, aponta Rego. Além disso, ele vê a necessidade de planejamento conjunto entre o sistema de transmissão e geração, um problema que ficou evidente em 2013, quando os parques de geração eólica da Renova Energia no Rio Grande do Norte e Bahia ficaram prontos, mas a Chesf ainda não havia entregado a linha de transmissão. “As restrições de transmissão devem ser consideradas no planejamento e na contratação da geração”, diz. Também devem ser incentivas a eficiência energética e a geração local distribuída, por exemplo, com painéis fotovoltaicos em residências e comércios. Diversificar a matriz energética e dar o correto sinal de preço ao consumidor – ao contrário de promessas de diminuição de tarifas – também ajudam. Uma das medidas consideradas acertadas pelos especialistas do setor é a implementação do regime de bandeiras tarifárias. Desde 1º de janeiro os consumidores terão um sinal na conta de luz sobre os custos de geração de energia.

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