quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Principal reservatório que abastece o Rio de Janeiro atinge o volume morto

Rio Paraibuna, na divisa de Minas Gerais e Rio de Janeiro

O nível do reservatório de Paraibuna, o maior dos quatro que abastecem o Estado do Rio de Janeiro, chegou a zero nesta quarta-feira, segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e atingiu, portanto, o chamado volume morto. O Paraibuna é apontado como a "caixa d'água" da bacia do rio Paraíba do Sul, que passa por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e é usado tanto para geração de eletricidade quanto para abastecimento de água. “Ele não está produzindo mais energia e está usando o volume morto para manter a descarga mínima obrigatória que tem”, afirmou à Agência Brasil a assessoria de imprensa do ONS. Outros reservatórios estão se esvaziando. O de Santa Branca, pertencente à Light, por exemplo, apresenta nível de 0,65%, com entrada de 27 metros cúbicos de água por segundo e saída de 40 metros cúbicos por segundo; o de Funil (Furnas) tem nível de 4,15%, com 65 metros cúbicos por segundo de entrada e 137 metros cúbicos por segundo de saída; já no reservatório de Jaguari (Cesp), o nível alcança 2%, com cinco metros cúbicos de água por segundo entrando e 11 metros cúbicos por segundo saindo. Em relação à capacidade total do reservatório de Paraibuna, o volume útil representa 56%, e o morto, 44%. O engenheiro Paulo Carneiro, que coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos no ano passado, aponta, porém, dificuldades no uso do volume armazenado nessa parte reservatório, que não foi projetada para substituir a vazão do rio. "O uso do volume morto é inevitável, mas há uma série de dificuldades técnicas para isso. Os órgãos gestores ainda não informaram quando e como a água será retirada, nem qual será a vazão", disse Carneiro. O pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que o nível médio dos quatro reservatórios está próximo de 1% e diz que medidas de restrição serão necessárias para preservar o abastecimento humano. O governo do Rio de Janeiro continua, porém, negando a hipótese de racionamento na região metropolitana. Em 22 de dezembro, quando os quatro reservatórios armazenavam 1,7% da sua capacidade, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que as "vazões autorizadas poderão avançar sobre o volume não operacional, conhecido como volume morto, já nos próximos dias". A bacia do rio Paraíba do Sul abrange 184 municípios, sendo 88 em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e 39 em São Paulo. O rio Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude. O curso d'água percorre 1.150 quilômetros, passando por Minas, até desaguar em São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro.

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