terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O que disse o diretor da Sabesp e o que se noticiou que ele disse. Alckmin: “Estão querendo tirar uma casquinha da crise”

Então vamos ver: se a água acabar — em São Paulo, no Rio, em Minas ou na casa do chapéu —, não serão apenas cinco dias sem água contra dois com água. Acabar quer dizer “fim”. Todos os dias serão sem água. Pronto: o apocalipse da seca! Assim, em matéria de cenários desastrosos, podemos ir para o extremo.

O que não pode acabar antes da água é o apreço dos jornalistas por aquilo que as pessoas dizem. Paulo Massato, diretor da Sabesp, concedeu uma entrevista e afirmou o seguinte: “Para fazer rodízio, teria que ser muito pesado, muito drástico. Para ganhar mais do que já economizamos hoje, seriam necessários dois dias com água e cinco dias sem água”. Nota: ele fez essa consideração durante o anúncio de ampliação da adutora de Guaratuba, do sistema Alto Tietê.
É claro que a situação é muito grave. Mas Massato não anunciou a existência de um “plano”. A obrigação da Sabesp é desenhar cenários. No pior deles, não chove o mínimo necessário e é preciso reduzir drasticamente a retirada de água do sistema Cantareira. E aí se terá o cinco por dois. Imagino que a empresa trabalhe com possibilidades ainda piores.
A propósito: o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que, se os reservatórios das hidrelétricas chegarem a 10%, haverá racionamento de energia. E assim se noticiou. Não li em lugar nenhum algo como: “Governo federal já planeja apagão”. É certo que o Ministério das Minas e Energia e a Anel tenham simulado lá essa possibilidade. É preciso ter um pouco mais de responsabilidade nessas coisas.
Massato informou que a redução da pressão de água começou a ser feita também durante o dia: “Estamos deixando de fazer operação só noturna para fazer também a diurna. Isso atinge toda a região metropolitana”. Em seu site, a Sabesp informa o horário da operação.
O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, afirmou que há pessoas tentando tirar uma “casquinha” da crise: “Não há ninguém que tenha falado mais sobre esse tema do que eu. Tem muita gente tentando tirar casquinha política, tentando levar uma vantagenzinha”. E lembrou que São Paulo tem hoje o menor consumo per capita de água: “Não tem nenhum governo do Brasil que tenha feito bônus, engraçado, né? Ninguém critica ninguém. Ninguém fez.” Por Reinaldo Azevedo

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