segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Justiça nega liberdade a Nestor Cerveró


O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), negou pedido de liberdade ao ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e disse que a prisão do ex-dirigente deve ser mantida para se evitar “graves riscos à ordem pública”. A Justiça decretou a prisão de Cerveró no dia 1º de janeiro, mas ele só foi detido duas semanas depois, no dia 14, ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Na justificativa para determinar a prisão do ex-diretor, o juiz Marcos Josegrei acolheu pedido do Ministério Público, que havia detectado que o ex-diretor continuava a praticar crimes e tentava se desfazer do patrimônio em seu nome. Cerveró chegou a transferir três imóveis para os filhos em uma operação interpretada como uma tentativa de evitar que os bens fossem penhorados no futuro para o ressarcimento dos prejuízos causados pelo esquema de fraudes na Petrobras. Ao apelar para a Justiça, a defesa de Cerveró alegou que a prisão havia sido decretada sem fundamentação legal e ponderou que o ex-diretor é réu primário e tem bons antecedentes. De acordo com a acusação, ele recebeu 30 milhões de dólares a partir da mediação de Fernando Baiano para a consolidação de contratos de navios-sonda com a Samsung Heavy Industries. Em acordo de delação premiada, o executivo Julio Camargo, da empresa Toyo Setal, confirmou os pagamentos ilegais. Na última semana, Nestor Cerveró prestou depoimento na Polícia Federal em Curitiba e negou ter recebido propina por contratos da Petrobras. Ele também disse que não tinha tentado se desfazer do patrimônio. Alegou que a transferência de imóveis para os filhos Bernardo e Raquel e para a neta Anita, em maio de 2014, era uma “antecipação de herança”, mas admitiu ter fraudado o valor de compra nas transferências para pagar menos imposto. Ao explicar as suspeitas envolvendo os contratos com a Samsung Heavy Industries, disse que não houve distribuição de dinheiro ilícito para a consolidação do negócio e afirmou que a compra dos navios-sonda foi feita sem licitação porque tinham por objetivo atender uma “necessidade específica e imediata da Petrobras” e não passou por análise do Conselho de Administração da empresa. Embora o Ministério Público aponte Cerveró como o destinatário final de boa parte da propina arrecadada pelo lobista Fernando Baiano nos contratos fraudados na Petrobras, o ex-diretor da Petrobras disse à Polícia Federal que nunca recebeu oferta de dinheiro por parte de Baiano, negou ter recebido recursos ilícito de contratos com a Petrobras e afirmou não possuir offshores ou contas bancárias no exterior. Ele admitiu, porém, que mantinha “certa relação de amizade” com Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no escândalo do petrolão. Nestor Cerveró deve prestar novo depoimento em fevereiro, desta vez ao juiz Sergio Moro, que coordena os processos da Operação Lava Jato na primeira instância.

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