sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Em ano eleitoral, Dilma abre um rombo de quase R$ 100 bilhões nas contas públicas



Ela deveria ter poupado R$ 80,8 bilhões. Ao apagar das luzes de 2014, mudou a lei para legalizar o calote. Mesmo assim prometeu R$ 10 bilhões de superavit. Não aconteceu. O ano chegou ao fim com um déficit de R$ 17,2 bilhões, mostrando gastança e descontrole. Se deveria ter poupado 80 e teve déficit de 17, o rombo é de 97. A presidente Dilma Rousseff fechou o último ano do primeiro mandato com um rombo nas contas do governo. As despesas do chamado governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) com pessoal, programas sociais, custeio e investimentos superaram as receitas em R$ 17,2 bilhões. Com o impulso do calendário eleitoral, os gastos foram acelerados e chegaram a R$ 1,031 trilhão; já a arrecadação, prejudicada pela fragilidade da economia e por medidas de alívio tributário, ficou em R$ 1,014 trilhão. O governo teve de tomar dinheiro emprestado para cobrir compromissos cotidianos e obras de infraestrutura - em economês, houve deficit primário, de 0,3% do PIB. Trata-se do primeiro deficit do gênero apurado pelo Tesouro desde 1997, quando teve início a série histórica. Com outra metodologia, o Banco Central apontou um pequeno resultado negativo no caixa federal naquele ano. Ainda mais sem precedentes é o contraste entre os números e a meta anunciada pela administração petista: até setembro, a equipe de Dilma sustentava que seriam poupados R$ 80,8 bilhões - um superavit primário - para o abatimento da dívida pública. Chegou-se ao ápice de um processo de deterioração das contas públicas iniciado em 2009, quando o governo Lula enfrentou a crise global com aumento de gastos, redução de impostos e mais empréstimos nos bancos públicos. Reeleita, Dilma declarou que a estratégia - cujas consequências incluem alta da inflação e do deficit nas contas externas - chegou ao limite. Isso significa uma ameaça à expansão de despesas como Previdência, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e investimentos em infraestrutura, que têm puxado o desequilíbrio orçamentário. A nova equipe econômica já anunciou elevações de impostos, cortes no custeio e restrições à concessão de benefícios como pensões, seguro-desemprego e abono. Ainda assim, permanecem dúvidas quanto à promessa de poupar R$ 55,3 bilhões neste ano, para conter a escalada da dívida pública. Como informou o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, o governo herda R$ 226 bilhões em despesas pendentes de anos anteriores. Parte poderá ser cancelada, mas há gastos, como subsídios represados aos bancos públicos, que terão de ser executados. Ele evitou críticas à gestão anterior, mas disse que a Fazenda trabalhará com "transparência, tempestividade e cumprimento de regras" para "recuperar a credibilidade".

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