quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Delator Paulo Roberto Costa disse em depoimento na Operação Lava que recebeu R$ 8 milhões da Andrade Gutierrez e da Estre Ambiental

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou ter recebido até R$ 8 milhões da construtora Andrade Gutierrez e da Estre Ambiental, especializada em coleta e tratamento de lixo. Apesar de já citadas ao longo da Operação Lava Jato, é o primeiro depoimento de Paulo Roberto Costa em sua delação premiada que vem a público citando valores recebidos dessas duas empresas. A maior parte, "entre US$ 2 milhões a US$ 2,5 milhões", foi paga pela empreiteira, segundo ele, e R$ 1,4 milhão, pela Estre Ambiental. As informações constam em depoimentos prestados por Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. O ex-diretor reafirmou a versão dada à CPI mista da Petrobras. Paulo Roberto Costa sustenta que, a exemplo do que ocorria na estatal, empresas privadas também formaram cartéis para atuar em outras áreas do governo: "Eletrobras, construção de hidrelétricas, portos e aeroportos", elencou. Paulo Roberto Costa voltou detalhar o quinhão da propina que cabia a partidos – principalmente PP e PMDB – e autoridades. De acordo com o delator Paulo Roberto Costa, "60% eram para políticos", 20% eram repartidos entre ele e o operador do esquema, responsável por receber das empresas e repassar ao ex-diretor, e o restante cobria eventuais custos. No primeiro momento, a função de intermediar a negociata era do ex-deputado José Janene, morto em 2010, quando foi substituído pelo Alberto Youssef. Mais adiante, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, também passou a recolher o dinheiro. Paulo Roberto Costa afirmou que o ex-presidente da área de Engenharia da Andrade Gutierrez, Paulo Dalmaso, era quem tratava dos pagamentos de suborno, diretamente com Fernando Baiano. Paulo Roberto Costa contou ter sido informado por Baiano, entre 2011 e 2013, que havia US$ 4 milhões à disposição do ex-diretor depositados em uma conta em Lichtenstein, na Europa. Desse montante, "entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões eram oriundos de valores pagos pela Andrade Gutierrez". Em outro depoimento, Paulo Roberto Costa já havia acusado a empreiteira de subornar diretores da Petrobras, mas não especificou, porém, quanto havia recebido da empresa. Nessa nova etapa da delação, o ex-diretor disse que a Estre pagou-lhe R$ 1,4 milhão em propina, pois tinha interesse em prestar serviço para a Transpetro, transportando etanol entre os Estados de Mato Grosso e São Paulo. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, está licenciado do cargo desde o início de novembro do ano passado. Ele se afastou depois que o mesmo Paulo Roberto Costa o acusou de ter recebido R$ 500 mil relativos à participação do esquema de corrupção na estatal. O ex-diretor disse que Wilson Quintela Filho representava a Estre e mantinha contato com Fernando Baiano para fazer o dinheiro chegar à diretoria da petroleira. Paulo Roberto Costa disse acreditar que o R$ 1,4 milhões pago pela Estre, por intermédio de Baiano, não teve relação com o projeto que interessava à empresa. Para o ex-diretor, o valor foi dado a ele como "uma espécie de agrado", definiu em seu depoimento. Ele acrescentou que, como membro do Conselho de Administração da Petrobras, sua ingerência nas licitações da Transpetro limitava-se a incluir empresas no certame. Não tinha poderes, entretanto, para interferir na escolha do vencedor. A Andrade Gutierrez afirmou que "nunca, em momento algum, fez qualquer tipo de repasse de valores" para Paulo Roberto Costa. Também disse que "não fez parte das ações que são hoje alvo das investigações da Operação Lava Jato" e afirmou que os contratos com a Petrobras foram firmados "dentro das normas legais". Já a Estre informou que "desconhece as razões da menção e estranha a inclusão de seu nome no referido depoimento".

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