quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Construtora UTC diz que, se houve cartel, a liderança do Petrolão foi da Petrobras

Apontada como líder das empreiteiras acusadas de desviar recursos da Petrobras, a UTC partiu para o ataque. Em documento, afirmou que o suposto "clube" de empresas envolvidas no esquema de corrupção seria chefiado pela própria estatal. "Se cartel houve (...) seu principal agente seria a Petrobras, sendo o suposto 'clube' no máximo um instrumento das ações dela mesma", afirma a UTC. A afirmação aparece na defesa da firma no processo em que foi proibida de fazer novos contratos com a Petrobras –medida que atingiu também mais 22 construtoras citadas na Operação Lava Jato. O papel foi entregue nesta terça (12) à estatal.


Ao contestar seu afastamento, a UTC diz que a estatal controlava todo o processo de contratação de fornecedores: organizava as licitações, convidava as concorrentes e dava o preço final. No documento, a UTC argumenta que não houve conluio das empresas contra a Petrobras e afirma que a estatal tenta se passar por vítima. "Se o conjunto de fornecedores da Petrobras merece a alcunha de 'clube', deve-se lembrar que seu fundador e mantenedor somente poderia ser o próprio monopsônio (único comprador do mercado, no caso, a Petrobras)", dizem os advogados da UTC na peça de defesa. O advogado Sebastião Tojal, que defende a empreiteira, diz que a Petrobras tenta colocar-se na posição de vítima: "Ela tenta fugir de suas responsabilidades dizendo-se vítima de diretores. As decisões lá são colegiadas e as grandes obras envolviam o conselho de administração". Com mais de 20 mil trabalhadores funcionários em seus canteiros de obras e sócia dos grupos que têm as concessões do aeroporto de Viracopos (SP) e da linha 6 do Metrô paulistano, a UTC faturou R$ 5,5 bilhões no ano passado. Quase metade dessa receita saiu dos contratos com a Petrobras. Seu principal acionista, Ricardo Pessoa, está preso desde o fim do ano passado. Ele foi apontado por delatores do esquema como coordenador do cartel das empreiteiras que atuavam na Petrobras – papel negado por ele. Contra a decisão de afastar a UTC das próximas obras da Petrobras, os advogados da empresa afirmam que a construtora tem limitações para se defender. Isso porque, dizem, a Petrobras não apontou as situações em que teria ocorrido cartel. Os advogados também criticam a estatal por ter se baseado em delações premiadas, "que não são provas, são caminhos para orientar a investigação", afirma o advogado Tojal. Além disso, os defensores da UTC lançam suspeitas contra os dois executivos da Toyo Setal que colaboram com as investigações. Segundo eles, a Toyo é concorrente da UTC. Elas competem nos contratos de perfuração de poços em alto mar. Portanto, dizem, os delatores podem não ser isentos.

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