quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Tarso Genro nomeia juiz do Tribunal Militar o promotor que invadiu o Palácio Piratini no governo Yeda Crusius


Em um dos seus últimos atos de governo, o governador Tarso Genro resolveu nomear para juiz do Tribunal de Justiça Militar o promotor Amilcar Fagundes Freitas, notabilizado durante o governo anterior pela insólita tentativa de invasão do Palácio Piratini para investigar supostas espionagens da Casa Militar. A vaga era do Ministério Público. A lista tríplice foi integrada por Marcos Centeno, Amilcar e Lisiane da Fonseca. Tarso Genro ficou com seu velho conhecido, o segundo colocado, Amilcar Fagundes Freitas. O promotor do Ministério Público Estadual produziu grave crise política e institucional em 2010, ano de eleição, logo depois de vários ataques da Polícia Federal e do Ministério Público Federal contra o governo tucano do Rio Grande do Sul, causando graves prejuízos eleitorais para a governadora Yeda Crusius (PSDB) e beneficiando o candidato oposicionista e petista Tarso Genro. É que ele levantou suspeita de uso político (espionagem contra adversários) e uso de caixa 2 (arrecadação de dinheiro sujo), tudo devidamente reverberado de modo espalhafatoso pela mídia, com ênfase para a RBS. Na denúncia feita em 2011, em juízo, o promotor descartou completamente as revelações que fez durante a campanha eleitoral, mas fez isto muito tarde, porque Yeda Crusius acabou perdendo as eleições – mas Tarso Genro venceu. Tarso Genro já tinha demonstrado antes sua gratidão. O governador do PT nomeou em 2011 o advogado petista Jorge Garcia, ao cargo de Juiz do Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul em vaga aberta pela aposentadoria do promotor Otávio de Souza. O ato foi atacado pela Justiça, com decisão final do presidente do STF, ministro Lewandowsky. Nesta vaga entrou, agora, Amilcar. O advogado Jorge Garcia que ficou famoso ao protagonizar a libertação de Marcos Trindade, o "mula" usado pelo Valerioduto, preso em São Paulo com R$ 150 mil na cueca, que trazia para o PT gaúcho. Era dinheiro sujo, parte de R$ 1 milhão que o mensaleiro Marcos Valério mandou para pagar as contas da campanha eleitoral do partido no Rio Grande do Sul. Em 2002, Tarso Genro perdeu para Germano Rigotto. Em 2006, em Porto Alegre, como consequência das malfeitorias do Mensalão, foram punidos na Justiça o presidente do PT, David Stival, mais o tesoureiro, Marcelino Pies, e o "mula", Marcos Trindade. Foram as primeiras condenações ocorridas no âmbito do Mensalão. David Stival, que tinha prometido cortar o próprio pescoço, caso fosse comprovado o uso do dinheiro sujo, continua com suas vértebras intactas. (Políbio Braga)

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