quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sonda que vai recolher amostras de asteróide é lançada no Japão


A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa) lançou nesta quarta-feira, desde a estação de Tanegashima, no sudoeste do país, a sonda Hayabusa 2, que percorrerá 300 milhões de quilômetros para recolher amostras de um asteroide. A sonda estava a bordo de um foguete H-IIA que foi lançado à 1h22 (horário de Brasília) e se desprendeu com sucesso cerca de uma hora e meia depois, colocando em órbita o dispositivo. O lançamento, originalmente previsto para 30 de novembro, foi adiado duas vezes devido ao mau tempo. Espera-se que Hayabusa 2 chegue em 2018 ao asteróide 1999 JU3, de cerca de 900 metros de diâmetro, e retorne à Terra no final de 2020, após um ano e meio de pesquisas no asteróide. O 1999JU3, descoberto em 1999 pelo programa de pesquisa americano Linear, faz parte dos chamados asteróides Apolo, um dos três grupos que estão mais próximos da Terra. Os resíduos trazidos pela nave podem dar pistas sobre o histórico químico do fragmento e oferecer assim novas chaves sobre a origem de nosso Sistema Solar e da vida na Terra. "O asteróide 1999 JU3 é chamado de primitivo porque não evoluiu desde sua formação há 4,5 bilhões de anos, quando se formou o Sistema Solar", explica Francis Rocard, astrofísico do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França, parceiro do projeto. "Esta missão para recolher matéria primitiva tem o potencial para revolucionar nossa compreensão das condições da formação dos planetas", afirmou a equipe que coordena o projeto na Jaxa: "Ela pode também revelar informações importantes para proteger o planeta". A primeira missão Hayabusa foi lançada em 2003, com destino ao asteróide Itokawa, com apenas 500 metros de diâmetro. Ela possibilitou a primeira observação de perto desse tipo de corpo celeste, além de fazer medições de gravidade, composição mineral e distribuição da altitude na superfície. A sonda fez diversas tentativas de coletar amostras e em uma delas perdeu o contato com a Terra e caiu no asteróide, sofrendo alguns danos. Mesmo assim, ela conseguiu retornar em junho de 2010. Quando a nave chegou à Terra, os pesquisadores encontraram algumas partículas em seu interior. Muitas delas eram de fato do asteróide, e estavam misturadas com partículas da própria nave. No fim, as amostras do corpo celeste somavam menos de 1 miligrama. Para evitar problemas similares, a Hayabusa 2, que pesa cerca de 600 quilos, está equipada com motores iônicos mais resistentes e que proporcionam 25% a mais de propulsão e um sistema de antenas melhorado que permite transmitir mais dados. Ao se aproximar do asteróide, a sonda vai estudar toda a sua superfície, utilizando instrumentos remotos. Depois, ela vai liberar o módulo de pouso Mascot (o equivalente ao Philae, da sonda européia Rosetta), feito em parceria com o Centro Nacional de Estudos Espaciais (Cnes) da França e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Mascot, que tem expectativa de vida de 12 horas, vai utilizar quatro instrumentos que permitirão conhecer a composição mineralógica do solo. A sonda liberará também o robô Minerva 2, que vai explorar a superfície do corpo celeste de forma mais detalhada. Os pontos pré-selecionados para o pouso serão analisados por esse instrumento, que vai ajudar a escolher o local definitivo. Com isso, a Hayabusa vai se aproximar no ponto escolhido e recolher amostras, decolando novamente logo em seguida. Feito isso, será a vez do desafio final: para conseguir amostras de materiais sob a superfície, a sonda vai criar uma pequena cratera no asteróide. A Hayabusa vai lançar um tipo de “canhão espacial’ que vai atirar um explosivo contra o asteróide e, enquanto isso acontece, ficará escondida atrás do corpo celeste para se proteger do impacto. Após o "bombardeio", Hayabusa-2 deve avançar por pouco tempo pelo asteróide para reunir as amostras e depois iniciar a viagem de volta à Terra.

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