segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Nazista mais procurado morreu na Síria, informa o Centro Simon Wiesenthal


O Centro Simon Wiesenthal, que se dedica à busca e identificação de criminosos de guerra nazistas, retirou de sua lista de mais procurados o austríaco Alois Brunner, antigo oficial da SS, a polícia de elite da Alemanha nazista. Ele costumava ocupar o primeiro posto na relação dos antigos oficiais de Adolf Hitler mais procurados. Uma investigação da instituição divulgada no domingo revelou que ele morreu há pelo menos quatro anos na Síria. Brunner, que nasceu em 1912, atuou durante a II Guerra Mundial como um dos assistentes de Adolf Eichmann, encarregado das deportações de judeus para os campos de concentração. Era chamado por ele de seu "melhor homem". Seu paradeiro permaneceu envolto em mistério desde o fim do conflito e ele chegou a ser condenado à revelia em vários processos judiciais por crimes de guerra. Caçadores de nazistas e jornalistas apontaram nas últimas décadas que Brunner vivia na Síria com o nome de Georg Fischer e que teria inclusive trabalhado como assessor para o governo de Hafez Assad (1970-2000), pai do atual ditador Bashar Assad. Vários pedidos de extradição foram feitos pelos governos da França, Alemanha e da antiga Alemanha Oriental, mas autoridades do país sempre negaram que o antigo nazista estivesse em seu território. "O tiramos das listas de nazistas mais procurados. Não podemos confirmar sua morte pela situação de guerra civil na Síria, mas pelo visto morreu de velho", disse Efraim Zuroff, diretor da filial israelense 



do Centro Simon Wiesenthal. Segundo o diretor, a instituição recebeu há pelo menos quatro anos uma informação de um agente do serviço secreto alemão sobre a morte de Brunner, que teria sido "enterrado em Damasco". O centro tomou a decisão de retirar Brunner da lista em abril deste ano, mas a informação passou despercebida até o domingo passado e só foi divulgada após o jornal britânico Sunday Express questionar o centro sobre a situação atual de Brunner na lista. À rede BBC, Zuroff disse ter 99% certeza de que a informação do agente procede. Brunner foi apontado como o responsável por enviar 128.000 judeus gregos, austríacos, eslovacos e franceses para os campos de concentração, onde a maioria acabou morrendo. Em junho de 1943 ele assumiu a direção do campo de Drancy, nos arredores de Paris, onde judeus eram reunidos e depois deportados. De acordo com o centro, depois da guerra, Brunner permaneceu escondido por alguns anos na Alemanha e chegou a Damasco no início dos anos 50, onde morou até finalmente morrer, aos 98 anos. Segundo Zuroff, Brunner foi alvo de pelo menos duas tentativas de assassinato pelo Mossad, o serviço secreto israelense. O diretor afirma que o serviço, incapaz de operar na Síria, enviou duas cartas bomba para Brunner nos anos 60 e 80. O nazista não morreu, mas perdeu um olho e dois dedos nas explosões. Nas últimas décadas vários relatos sobre a morte de Brunner apareceram em diferentes publicações internacionais entre 1992 e 1996, mas as histórias nunca foram confirmadas. Houve relatos inclusive que ele teria sido visto no início dos anos 2000. Em 1985, a revista alemã Bunte publicou uma entrevista que garantiu ter sido feita com o nazista. Nela, o entrevistado dizia "só lamentar não ter matado mais judeus". Dois anos depois, foi a vez de o jornal americano Chicago Sun Times publicar uma entrevista – por telefone – com alguém que garantiu ser Brunner. O tom das respostas foi o mesmo. De acordo com a revista alemã Der Spiegel, o governo de Hafez Assad chegou a considerar a deportação de Brunner para a Alemanha Oriental, mas as negociações foram interrompidas quando o regime comunista desmoronou em 1989. Nos anos seguintes, notícias sobre o paradeiro de Brunner se tornaram mais escassas. O interesse só ia sendo renovado quando o Centro Simon Wiesenthal o incluía rotineiramente no topo de suas listas de nazistas mais procurados. Em 2005, a Polícia Federal chegou a investigar um suíço chamado Alois Brunner que vivia em Salvador. A investigação foi logo interrompida quando os agentes perceberam que se tratava apenas de um homônimo – que era inclusive três décadas mais jovem.  "A consequência disso (a morte de Brunner) é apenas a de que um alvo muito importante já não poderá ser levado à Justiça", disse Zuroff: "E isso é muito triste porque destaca o fracasso da comunidade mundial em garantir que os principais responsáveis pela Solução Final pagassem por seus crimes".

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