domingo, 7 de dezembro de 2014

Marcelio Bolognesi conta como serão as megausinas a gás que construirá em Pernambuco e Rio Grande do Sul

O empresário gaúcho Ronaldo Marcelio Bolognesi diz que, ao criar uma nova fronteira para o gás natural no Brasil, ele se transformou em um dos empresários mais ousados no setor de energia. Dono dos dois maiores projetos de usinas termelétricas, Bolognesi decreta a inviabilidade da continuidade da matriz hidrelétrica. No fim de novembro, Bolognesi conseguiu emplacar no leilão realizado pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) dois projetos que, quando prontos, serão as maiores termelétricas do País. As duas usinas, uma em Pernambuco e outra no Rio Grande do Sul, terão 1.238 megawatts de potência cada uma, o que representa cerca de 10% da capacidade instalada da usina de Itaipu. Sem poder contar com a Petrobras para a entrega do gás, para viabilizá-las, o empresário precisou projetar dois terminais de gaseificação, que ficarão ao lado das usinas, e firmar contratos de 25 anos para a compra do gás fora do Brasil. Ele conta que precisou convencer os fornecedores a aceitar o prazo, algo incomum no Exterior, mas exigido pela legislação para projetos de termelétricas. 
Folha - Há uma mudança de paradigma com a construção de novas usinas a gás, algo que era inviável pela restrição de oferta por parte da Petrobras?
Ronaldo Marcelio Bolognesi - A mudança radical está no fechamento de um contrato de 25 anos de fornecimento de gás, o primeiro feito no Brasil. Nosso fornecedor é do golfo do México. Esse contrato foi feito por uma exigência da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para o leilão. Somos o primeiro grupo que conseguiu um contrato nesse prazo com um preço competitivo para ganhar o leilão. Isso demandou uma mudança na nossa filosofia e até na do fornecedor.
P - Quanto tempo levou a maturação do projeto?
R - Os projetos demoraram cinco anos para sair do papel
P - As novas unidades de gás podem torná-lo um concorrente da Petrobras?
R - Não queremos e nem conseguimos tirar fatia da Petrobras no mercado de gás. Apenas estamos aumentando um pouco a oferta. Cada terminal tem capacidade de 14 milhões de metros cúbicos por dia. As duas termelétricas, uma em Rio Grande (RS) e outra em Suape (PE), consumirão 6 milhões por dia cada uma. Sobram 8 milhões (9% da oferta atual) que podemos destinar para outras atividades. No consumo do País, não é grande coisa.
P - Foram vendidos no leilão 49% da energia que será gerada pelas duas usinas. Isso é suficiente para financiá-las?
R - Para nós, o leilão foi um sucesso. Conseguimos por um preço quase no teto (R$ 206,50, ante R$ 209,00 por MWh). Não dá para se queixar. São dois projetos que serão estruturados com essa receita de 25 anos. Além disso, essas usinas, de pouco mais de R$ 200,00 (por MWh), ocuparão o lugar de térmicas que custam mais de R$ 800,00/MWh, de forma mais sustentável.
P - Ao lado das usinas, o grupo está construindo duas unidades de gaseificação. Isso deve restringir os próximos projetos no setor elétrico?
R - Atualmente, temos PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) no nosso portfólio. A questão é que somente no último leilão as tarifas compensaram os riscos, principalmente os geológicos, desses projetos. O empresário precisa ter uma remuneração que compense esses riscos.
P - Quantos projetos do grupo estão em andamento neste momento?
R - Temos 15 usinas gerando, em todos os segmentos. De térmicas a óleo combustível, no Ceará, a um parque eólico no Rio Grande do Norte. As novidades estão por conta dessas duas novas usinas com GNL (Gás Natural Liquefeito) importado.

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