quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

José Sarney se despede do Congresso Nacional


O senador José Sarney (PMDB-AP) se despediu nesta quinta-feira do Congresso Nacional, aonde chegou em 1955. O ex-presidente da República, que não disputou a reeleição neste ano, fez um discurso longo e repleto de citações históricas. O plenário tinha poucos senadores, mas muitos funcionários da Casa, que aplaudiram o peemedebista. No último pronunciamento de sua carreira política, o senador listou alguns temas que, em sua visão, precisam ser debatidos com urgência. Um deles é o uso da máquina pública para fins particulares. "Estabeleceu-se uma promiscuidade entre cargos, empresas e setores da administração que apodreceu o sistema em vigor", disse o parlamentar, que tem praticamente seis décadas contínuas na base governista e dezenas de aliados instalados em cargos no governo federal, sobretudo no setor elétrico. Sarney encerrou seu discurso com versos poéticos: "Saio feliz, sem nenhum ressentimento. Ai, meu Senado, tenho saudades do futuro!". Depois, ouviu elogios de parlamentares da base e da oposição. Antes de deixar o Congresso, o peemedebista ainda concedeu uma entrevista em que falou de sua carreira. O ex-presidente comemorou o recorde de longevidade política: serão 60 anos de vida pública em 2015, quando ele deixará oficialmente o mandato. "Eu me tornei o político mais longevo da história do País. Inclusive consegui passar na frente do Visconde de Abaeté, que tinha 58 anos de vida pública". O senador, que chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Cultura, descartou ocupar um cargo no governo Dilma Rousseff e disse que se arrepende até mesmo de ter disputado o Senado após deixar o Palácio do Planalto. "Quem foi presidente da República não pode exercer outro cargo. Eu me arrependi de ter voltado", disse ele. Sarney também celebrou a reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, anunciada nesta quarta-feira: "Foram 40 anos perdidos. Nem os Estados Unidos nem Cuba lucraram alguma coisa com isso que ocorreu". Sarney foi o responsável por retomar as relações do governo brasileiro com o cubano, em 1986. Apesar de não ter qualquer pretensão política – "Agora é pegar os meus livros e reler" –, Sarney continua negando aquilo que as imagens da TV Amapá revelaram acidentalmente: o ex-presidente, com o adesivo de Dilma Rousseff no peito, votou em Aécio Neves. "Não vou falar mais disso. Eu já disse que votei na Dilma. A televisão disse que o filme é falso, que é uma montagem", afirmou, lembrando: "A TV pertence ao próprio Sarney".

Nenhum comentário: