quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CPI do Petrolão: em relatório paralelo, oposição recomenda indiciar deputado e executivos

Em vista do relatório chapa-branca apresentado pelo deputado federal petista Marco Maia (RS), que não se importou em degradar a sua imagem para o resto da história, a oposição prepara um parecer alternativo que será apresentado à CPI mista da Petrobras. O documento recomendará o indiciamento de nomes envolvidos no esquema de corrupção operado na estatal. Ainda em processo de elaboração, o texto trará nomes como os do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e de executivos de empreiteiras citadas nos inquéritos da Operação Lava Jato. De acordo com o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também será pedido o indiciamento do deputado Luiz Argôlo (SD-BA) e de André Vargas (Sem partido-PR), cassado nesta quarta-feira pelo envolvimento com o doleiro Youssef. “É o mínimo que a CPI deveria fazer. Ou o Parlamento dá uma resposta efetiva ou o Parlamento como um todo se envolve no esquema. É importante separarmos aqueles parlamentares que estão exercendo o seu papel daqueles que usam a roupagem de parlamentar, mas que agem como marginais desviando dinheiro público”, afirmou Sampaio. Não está previsto no relatório paralelo o pedido de indiciamento da presidente Dilma Rousseff nem do ex-presidente Lula, por “falta de elementos”. No entanto, a oposição pretende aprofundar investigações sobre os dois na próxima comissão de inquérito, que já se articula para instalar no início da próxima legislatura. “Há uma clara evidência de que nós temos de avançar nessa investigação porque ambos foram referidos pelo mais importante delator do esquema como sendo pessoas que tinham total ciência dos fatos”, disse Carlos Sampaio. Em 903 páginas de relatório nas quais não consta o pedido de indiciamento de nenhuma autoridade, o relator Marco Maia apenas recomendou o aprofundamento das investigações contra executivos e personagens como o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no petrolão, e também Meire Poza, ex-contadora do doleiro Youssef, além de ex-dirigentes da Petrobras como Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e do petista Renato Duque. Para a oposição, chamou atenção a ausência do nome de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT citado por delatores como a ponte para levar a propina ao partido. “O relator não abordou nem de passagem o tesoureiro do PT, envolvido e denunciado por todos os delatores. Maia sequer comentou as doações de campanha feitas com recursos criminosos”, disse Carlos Sampaio. O relatório alternativo será apresentado na próxima quarta-feira, quando está prevista a votação do parecer elaborado por Marco Maia. Embora reconheça a dificuldade de aprovar o documento em meio à maioria governista, parlamentares de oposição contam com o esvaziamento da base para conseguir aprovar o parecer.

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