segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Como identificar um canalha político. Ou: A imprensa petistófila quer calar os descontentes com o governo Dilma

Quer identificar um canalha político, leitor amigo? Há muitos caminhos. Eu exponho aqui um dos critérios. Pode não detectar todos os canalhas do país, mas os que forem pegos nas suas malhas são, com absoluta certeza, canalhas.

O canalha é, sim, favorável à criação dos, como é mesmo?, conselhos populares para aparelhar a administração federal. A propósito: nesta segunda, a ex-ministra do Planejamento em atividade — uma categoria nova inventada por Dilma Rousseff —, Miriam Belchior, voltou a defender a sua criação, negando que sejam uma forma de bolivarianização do País.
Nota: eles são, sim, uma forma de bolivarianização do País — a nosso modo: uma coisa, assim, mais light; um autoritarismo que costumo chamar de liofilizado, desidratado… Quem sabe um dia venha a água quente de uma baita crise para a socialistada toda partir para o pau, né? Enquanto não chega essa hora, caso os conselhos sejam criados, os companheiros ficariam lá, aboletados na máquina pública, ocupando o lugar que não lhes pertence, já que não foram eleitos para governar.
“Reinaldo, essa é uma forma indireta de chamar a ministra de canalha?” Não! Eu nunca sou ambíguo nem oblíquo. Quando quero chamar de canalha, chamo, arcando com as consequências. Apenas a defesa dos conselhos não torna ninguém um canalha — pode ser um fã do autoritarismo político, mas ainda não é um canalha.
O segundo elemento para compor a canalhice vem agora: se o sujeito for favorável aos conselhos, mas considerar que os protestos de rua contra Dilma são, como é mesmo?, “golpistas”, “antidemocráticos” ou “injustificados”, aí, meu caro leitor, fique longe do vivente. Trata-se, sim, de uma canalha, capaz de fazer qualquer coisa. Em nome de sua causa, ou de seu conforto, ele pode até bater a sua carteira.
Ora, como é que as mesmas figuras, incluindo jornalistas e colunistas do nariz marrom, que defendem ardentemente os conselhos porque, dizem eles, é parte da democracia, atacam aqueles que saem às ruas para lutar contra a corrupção? No sábado, houve outra manifestação em São Paulo. Os que comandaram o protesto fizeram questão de se distinguir dos tontos que pedem intervenção militar. Mais do que isso: deixaram claro que o impeachment de Dilma tem um pressuposto: só se ficar provado que ela sabia da roubalheira na Petrobras.
Assim, para que a ministra Miriam Belchior integre a minha galeria dos canalhas, ainda falta o segundo elemento: se, também ela, ao lado de defender os conselhos, considerar golpistas os protestos contra Dilma, então canalha é, sim. Mas não porque eu quero. E sim porque ela quer, já que é inconcebível que alguém possa ser favorável a conselhos participando da gestão pública, mas contra a livre expressão dos cidadãos nas ruas.
Alguns jornalistas, imantados pelo petismo, mas se fingindo de independentes, estão fazendo uma confusão danada. Pesquisa Datafolha informa que 66% dos entrevistados defendem a democracia como a melhor forma de governo — só 12% entendem que uma ditadura pode ser eventualmente necessária.
Os números do Ibope são bem diferentes: 40% asseveram sua preferência pelo regime democrático, ante 20% que flertam com regime autoritário. A diferença é gigantesca. Quem está certo? Bem, ultimamente, institutos têm feito pesquisas para referendar conclusões a que seus analistas já chegaram antes das entrevistas. Não é deliberada má-fé; é só contaminação ideologia.
Eu só aceito falar para grupos em que a democracia tenha 100% de aceitação. Qualquer cretino, de esquerda ou de direita, que venha com alternativas leva o seu sapato no traseiro.
Ainda voltarei a esse tema muitas vezes. Mas não deixa de ser significativo que esse debate tenha ganhado relevância justamente agora, quando insatisfeitos com o governo Dilma vão às ruas e descobrem o caminho do Congresso.
Não se intimidem com a patrulha. A democracia só merece esse nome quando é exercida e testada. Os insatisfeitos que protestam, segundo os pressupostos da lei e da ordem, respeitando o direito de terceiros, zelando por todos os valores que as esquerdas desprezam, fazem o Brasil que dá certo.
E deixem chiar os canalhas! Por Reinaldo Azevedo

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