segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

BRADESCO ALCANÇA VALOR DE MERCADO DA PETROBRAS


O ranking das empresas mais valiosas do Brasil ganhou novos contornos na última sexta-feira. O Bradesco, segundo maior banco privado do País, alcançou a Petrobrás em valor de mercado. Segundo levantamento da empresa de informação financeira Economatica, a petroleira encerrou o último pregão na terceira posição da lista, atrás de Ambev e Itaú Unibanco, e empatada com o Bradesco – ambas valendo R$ 153,9 bilhões. As ações da estatal ensaiaram uma recuperação neste ano, impulsionadas pelas especulações sobre a corrida presidencial, mas devolveram todos os ganhos em um período de apenas três meses. Após o pico de alta no início de setembro – puxado pela euforia do mercado com o avanço da então candidata Marina Silva -, a empresa iniciou um movimento de forte desvalorização, perdendo metade do seu valor de mercado. Para os analistas, essa queda livre se deve às inúmeras incertezas que cercam o futuro financeiro da estatal. No centro de um escândalo de corrupção, a empresa ainda não divulgou o balanço do terceiro trimestre auditado e corre o risco de perder o grau de investimento – o que dificultaria o acesso ao capital estrangeiro em um momento de forte investimento e alavancagem já elevada. Além disso, a companhia sofre com a queda de quase 40% no preço internacional do petróleo, o que lança dúvidas sobre a viabilidade do pré-sal. “A Petrobrás tem um programa de investimento audacioso em uma área com riscos operacionais muito grandes”, destaca o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. O atual plano de negócios da estatal prevê desembolsos de US$ 221 bilhões entre 2014 e 2018. O objetivo é se tornar uma das maiores companhias de energia do mundo. No outro extremo, em um setor que vive uma prolongada fase de bonança no País – com os juros elevados e a expansão do crédito – está o Bradesco. O lucro líquido da instituição financeira cresceu 26,5% no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2013, somando R$ 3,9 bilhões. Na avaliação do economista e presidente da Magliano Corretora, Raymundo Magliano Neto, os bancos conseguiram se adaptar ao novo Brasil. “Enxugaram os quadros, emprestaram mais dinheiro e ganharam eficiência”, resume. Ele também ressalta o fato de o País ter a maior taxa de juro real do mundo: “Os bancos ganham dinheiro com isso e a Selic deve subir ainda mais em 2015″. Os investidores que saíram da Petrobrás encontraram no Bradesco um papel seguro e mais conservador, avalia o economista-chefe da Tov Corretora, Pedro Paulo Silveira. Ele acredita, porém, que esse é um retrato momentâneo, que deve se inverter nos próximos anos com a recuperação do preço do barril. “O petróleo é um recurso finito, que vai sofrer um ajuste quando a economia global voltar a crescer”, prevê Silveira. Também é otimista a perspectiva do consultor de investimentos Richard Rytenband, que acompanha as ações da estatal desde os anos 1980. “A companhia atingiu um valor de mercado recorde em 2008 com análises eufóricas sobre seus resultados futuros, porém muitos dos fatores que deterioraram sua situação já estavam presentes. Agora, o quadro é inverso”, explica Rytenband. O analista argumenta que a petroleira passará por um duro processo de correção mirando recuperar a credibilidade: “A Petrobrás não pode mais errar. A crise foi positiva por isso, para expurgar o que está errado.” Ele também traça um cenário otimista para o petróleo e emenda: “Quem aposta no fim do ciclo de alta das commodities pode ter uma surpresa nos próximos semestres”.

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