sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Vice-presidente da Mendes Junior pede liberdade e promete não fazer mais doações a políticos


O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Mendes, apresentou nesta sexta-feira à Justiça Federal do Paraná pedido inusitado para responder em liberdade o processo decorrente da Operação Lava Jato – em troca, se compromete a não mais fazer doações a políticos. Isso é a chamada promessa inócua, porque todo mundo no Brasil conhece a chamada "doação cruzada". E mais do que isso, há razoáveis dúvidas sobre se o executivo pode abrir mão de uma prerrogativa constitucional. Na Lava Operação Jato, os investigadores afirmam que mesmo as doações declaradas legalmente eram uma forma de lavar dinheiro desviado da Petrobras. O executivo também se compromete a entregar passaporte, ficar em "recolhimento domiciliar noturno", não fazer viagens ao Exterior sem autorização judicial e a fornecer todos os livros e documentos contábeis da Mendes Júnior à Justiça. Também disse que se compromete a não participar de formação de cartel para tocar obras públicas. Ah... então quer dizer que ele está fazendo uma confissão, a de que promovia cartelização na área das obras públicas? De acordo com a petição apresentada pelo advogado Marcelo Leonardo, que defende Sérgio Mendes (ele foi o defensor do operador do Mensalão do PT, publicitário mineiro Marcos Valério), a empresa "não tem nenhuma dificuldade" para assinar, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no sentido de "nunca mais fazer doação para campanhas de partidos políticos". O vice-presidente da Mendes Júnior está preso preventivamente desde que se entregou no fim da noite de sexta-feira, com todo o aplomb de um grande empreiteiro cucaracha. Ele chegou a Curitiba em um jatinho particular. Em depoimento à Polícia Federal, o executivo alegou que foi chantageado pelo doleiro Alberto Youssef. Sérgio Mendes afirmou que teve de pagar 8 milhões de reais em propinas para o doleiro e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para evitar a perda de contratos com a estatal. Imagina se um poderoso empreiteiro dessa ordem precisaria se submeter à chantagem e extorsão de um simplório doleiro..... Os pagamentos foram feitos pela Mendes Júnior para as empresas GFD Investimentos e empreiteira Rigidez, controladas pelo doleiro, em contratos fraudulentos, sem que houvesse qualquer tipo de prestação de serviços, como o próprio executivo admitiu. "Alberto Youssef, agindo em nome de Paulo Roberto Costa, exigia que a Mendes Júnior efetivasse o pagamento de vantagem indevida para que a empresa continuasse a desenvolver os projetos já em andamento e a ser convidada para contratações futuras. Sérgio Mendes disse que concordou em fazer pagamentos, pois, caso não fizesse, o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, poderia, de fato, prejudicar os pagamentos da Petrobras direcionados à Mendes Júnior por contratos em execução e excluí-la de novos convites", diz o depoimento do vice-presidente da Mendes Júnior. Já o diretor de Óleo e Gás da Mendes Júnior, Rogério Oliveira, afirmou em depoimento à polícia que Youssef exigiu um porcentual de 2,2% a 2,4% de propina por três aditivos feitos pela Petrobras em contrato com a Mendes Júnior sobre a obra do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho e por um aditivo na Refinaria de Paulínia. A Mendes Júnior também fechou um contrato de 2,7 milhões de reais, pelo consórcio formado por Mendes Júnior, MPE e SOG, com uma empresa do doleiro, para disfarçar o pagamento de suborno.

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