segunda-feira, 24 de novembro de 2014

PT contrata pesquisa para mapear onde está o "antipetismo" no Brasil


Assustado com os altos índices de rejeição a candidatos do partido nas eleições deste ano, especialmente em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, o PT encomendou uma ampla pesquisa nacional para identificar as causas e possíveis soluções para o antipetismo. Ainda nesta semana, a Marissol, empresa responsável por parte das pesquisas que nortearam a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, vai apresentar uma proposta inicial de questionário. A idéia é consultar eleitores em todos os Estados do País e fazer uma bateria de pesquisas qualitativas. O resultado vai servir de base para os debates da última etapa do 5º Congresso Nacional do partido, marcada para junho do ano que vem em Salvador (BA). A direção petista e o ex-presidente e alcaguete Lula (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações") pretendem usar o Congresso, instância máxima de decisões do partido, para fazer uma série de reformas, com objetivo de resgatar valores históricos da legenda e reconectar o PT com setores dos quais se afastou nestes 12 anos de poder, como os movimentos sociais e a intelectualidade de esquerda. A cúpula do PT já tem um diagnóstico primário das causas do antipetismo. Segundo dirigentes, a onda começou nos protestos de junho de 2013, quando militantes petistas foram agredidos em manifestações em São Paulo, tomou corpo durante o processo eleitoral deste ano e continuou depois das eleições, com as manifestações contra a presidente Dilma. Petistas identificaram os escândalos de corrupção, principalmente o Mensalão, como estopim da onda antipetista, mas acreditam que existam outros motivos de ordem ideológica e econômica que precisam ser explicados. Além disso, o PT quer saber se o fenômeno está concentrado em São Paulo ou espalhado pelo País. Existe o temor de que a amplitude das denúncias de corrupção na Petrobras, investigadas na Operação Lava Jato, fortaleça a rejeição ao partido em outros Estados. Além do impacto eleitoral, a cúpula do partido está preocupada com casos de violência contra militantes, registrados durante e depois das eleições. Segundo dirigentes, setores da direita e da oposição incentivam, via redes sociais, o ódio e o preconceito ao PT, materializado nas manifestações pós-eleitorais. E podem servir como sustentáculo popular para pedidos de impeachment de Dilma, já alinhavados por parte da oposição. O PT tem dificuldade de entender por que existe uma onda de “intolerância” contra o partido que, nas palavras de um dirigente, é “o que mais combateu a corrupção e mais defendeu os pobres na história do Brasil”. Antes mesmo de ter um diagnóstico completo sobre as causas do antipetismo, a direção partidária já estuda soluções. Nesta segunda-feira, o partido realizou em São Paulo uma reunião com os secretários estaduais de Organização da legenda. Uma das orientações será o aumento de filtros para novas filiações. “Temos de selecionar com cuidado”, diz Florisvaldo Souza, secretário nacional de Organização do PT: “Além disso, temos que debater formas de distanciamento em relação ao governo". O PT estuda fazer uma ampla revisão no cadastro de filiados, hoje com mais de 1 milhão de nomes, e enviar recados àqueles que pensam em usar o partido como trampolim para projetos pessoais. No Legislativo, as bancadas serão avisadas que a norma que limita em três mandatos consecutivos a atuação parlamentar será posta em prática. O questionário da Marissol será apresentado na reunião do diretório nacional do PT, na sexta-feira, 28, e no sábado, 29, em Fortaleza (CE). Além da pesquisa, a direção petista vai definir critérios e aprovar o calendário de debates para a última etapa do Congresso do partido. Com objetivo de aproveitar a onda de militância voluntária, que reapareceu no segundo turno da disputa presidencial, pela primeira vez os debates preparatórios para o Congresso serão abertos a não filiados.

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