segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Presidente islamista turco diz que igualdade de gênero vai “contra a natureza”


O presidente islamista turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou a ser criticado nesta segunda-feira por afirmar que militar pela igualdade de gênero é atentar “contra a natureza”. O controverso pronunciamento de Erdogan foi feito durante uma conferência para mulheres em Istambul. “Você não pode colocar mulheres e homens em pé de igualdade. No ambiente de trabalho, você não pode tratar um homem e uma mulher grávida da mesma maneira”, declarou. Erdogan justificou seu posicionamento dizendo que as mulheres não podem fazer todo o trabalho dos homens por conta de sua “delicada natureza”. O político também tentou introduzir a religião islâmica em seu discurso sexista e criticou as mulheres que lutam por seus direitos. “Nossa religião preza pela maternidade. As feministas não entendem isso, elas rejeitam a maternidade”, disse. Para Erdogan, o sistema jurídico é a solução para a maior parte dos problemas do mundo, incluindo o racismo, antissemitismo e os “problemas das mulheres”. Ele pediu ainda para que as mulheres sejam tratadas com respeito mútuo pelos homens turcos, e não com igualdade. Erdogan já havia provocado a ira de opositores e grupos feministas ao urgir todas as mulheres a terem ao menos três filhos. O presidente também se mostrou um ferrenho opositor ao aborto e ao parto por meio da cesariana. Os comentários de Erdogan geralmente são endossados por sua rede de apoiadores, mas desagradam a oposição e os eleitores de cunho mais liberal. A Turquia é composta por uma maioria secular que tem se mostrado temerosa com os rumos tomados pelo país através das políticas sociais do governo, as quais flertam com leis islâmicas. Mesmo com a reputação abalada, Erdogan conseguiu se eleger presidente em agosto com 52% dos votos. Nos onze anos em que o político foi primeiro-ministro, o cargo de presidente tinha função cerimonial. Antes de se candidatar ao posto, no entanto, Erdogan assegurou mais destaque à função, colocando em prática poderes como o de convocar o Parlamento e realizar reuniões de gabinete. Um palácio de 1.000 cômodos e orçado em 615 milhões de dólares também foi inaugurado em 30 de agosto para abrigar o presidente turco. A oposição alega que a construção simboliza o autoritarismo que tem marcado as gestões de Erdogan.

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