quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Na reta final, CPI vai mirar empresas citadas na Operação Lava Jato

Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras

Integrantes da CPI mista da Petrobras decidiram nesta quarta-feira focar as investigações nesta reta final dos trabalhos nas empresas ligadas à estatal. Base e oposição chegaram a um acordo para convocar sócios de empresas citadas na operação Lava Jato da Polícia Federal, como João Procópio Junqueira, da GFD Investimentos, e Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Sider. Na próxima semana, o colegiado vai se reunir para discutir a convocação de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e Sergio Machado, presidente da Transpetro que pediu licenciamento do cargo. Justamente por isso, políticos não serão convocados pelo colegiado. Após reunião entre parlamentares da base e opositores, foi aprovada uma série de requerimentos. A quebra de sigilo de empreiteiras não foi colocada em votação: ficou decidido que a comissão vai solicitar às empresas as informações de que necessita. Se não for atendida em dez dias, a CPI, então, poderá colocar as quebras de sigilo em votação. Governistas agiram para evitar a convocação de nomes incômodos para o Planalto, como o do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, ambos citados na Operação Lava Jato. Também ficou acertado que não serão chamados o ex-presidente e alcaguete Lula (ele delatava companheiros para a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr. em seu livro "Assassinato de Reputações"), a presidente Dilma Rousseff, a senadora Gleisi Hoffmann e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Aldo Rebelo (Esporte), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário). "Decidimos priorizar essa lógica investigativa porque o Vaccari e outros nomes do PT já estão escancaradamente envolvidos no esquema. O Paulo Roberto Costa e o doleiro já disseram tudo aos investigadores. Eu não quero fazer teatro. Quero ouvir quem não foi à CPI e tem muito a dizer", explica o deputado tucano Carlos Sampaio. Opositores se preparam para instaurar nova CPI a partir de fevereiro de 2015, quando começa a nova legislatura. Conforme relataram à Polícia Federal e à Justiça o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Vaccari era responsável pela arrecadação de 3% da propina cobrada sobre contratos fraudulentos firmados com a estatal. Já Palocci, coordenador da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, teria recebido dinheiro do esquema, segundo os delatores. Para evitar a convocação de nomes que desagradassem o governo, a base ameaçou convocar Rodrigo de Castro, tesoureiro do PSDB, José Gregori, ex-tesoureiro do partido, e os senadores Aécio Neves e Álvaro Dias. O senador Humberto Costa (PT-PE) também acenou com um convite a Leonardo Meirelles, ex-sócio da Labogen, que citou em depoimento o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra. A reunião desta quarta-feira somente foi iniciada após conversa entre os membros do colegiado em uma sala reservada da comissão. Em encontro que durou cerca de uma hora e meia, a base governista, capitaneada pelo petista Humberto Costa, barrou todas as investidas de convocar nomes ligados ao PT. A Labogen é uma empresa de fachada por meio da qual o doleiro Alberto Youssef chegou a firmar um contrato com o Ministério da Saúde, então comandado pelo petista Alexandre Padilha. Youssef negou que Sérgio Guerra tivesse qualquer envolvimento no esquema. Na reta final da CPI, a oposição também pressionou pela quebra de sigilo das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção – o que foi rejeitado pelos governistas. Em uma manobra, o relator Marco Maia (PT-RS) anunciou que o “prazo está exíguo para realizar as oitivas e para analisar o volume de documentos que resultariam das quebras”. A comissão decidiu, então, aprovar um conjunto de requerimentos que pedem informações às companhias citadas no esquema. Se após dez dias os esclarecimentos não forem prestados, o colegiado pode discutir e aprovar a quebra dos sigilos. Mesmo que o material seja encaminhado, a CPI, prevista para ser encerrada no dia 18 de dezembro, dificilmente teria tempo hábil para avaliar as documentações. “O Brasil não vai ser passado a limpo se não investigarmos as empreiteiras. E isso nós não vamos conseguir. A força do governo é tamanha que até toma de assalto a CPI”, afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).

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