sábado, 15 de novembro de 2014

Morre, aos 85 anos, o ex-ministro e médico Adib Jatene

Morreu na noite desta sexta-feira, 14, o ex-ministro da Saúde e diretor-geral do Hospital do Coração (HCor), Adib Jatene, de 85 anos. Ele sofreu um enfarte agudo do miocárdio, o segundo em dois meses, e foi levado às pressas ao HCor, em São Paulo, onde morreu. O médico já havia sofrido um enfarte no dia 22 de setembro, o que motivou uma internação de mais de 30 dias. O velório será realizado na manhã deste sábado no anfiteatro do prédio 130 do HCor, que leva seu nome. Nascido em Xapuri, no Acre, Jatene se formou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1953. Mais tarde, tornou-se professor emérito da mesma faculdade, além de pesquisador de bioengenharia. Por suas contribuições no desenvolvimento de técnicas e instrumentos para procedimentos médicos, tornou-se um dos mais respeitados cirurgiões cardíacos do mundo. Deixa quatro filhos - os também médicos Ieda, Marcelo e Fábio, além da arquiteta Iara - e a mulher, Aurice Biscegli. Jatene foi um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no País. Fez a primeira cirurgia de ponte de safena, em 1968, além de ter criado o primeiro coração-pulmão artificial do Hospital das Clínicas, na década de 1950. Um dos procedimentos que desenvolveu, para corrigir artérias transpostas em recém-nascidos, ficou conhecido mundialmente como Cirurgia de Jatene. O cardiologista foi bastante influenciado pelo professor Euryclides de Jesus Zerbini - que realizou o primeiro transplante de coração no País, em 1968. Jatene afirmava que pretendia fazer Saúde Pública e voltar para o Acre, mas acabou entrando no grupo de Zerbini e se envolvendo irremediavelmente com a cardiologia. Angelo de Paola, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), não esconde a admiração pelo cardiologista. Ele destaca a atuação de Jatene nas principais esferas da Medicina: “A Medicina é uma profissão muito ampla, com muitas habilidades e compromissos. Ele atendeu tudo. O Dr. Adib é um médico que teve uma das melhores e mais belas histórias assistenciais em medicina cardiovascular no País". Segundo Paola, Jatene teve importante papel para as associações e sindicatos da área de cardiologia, para os avanços da pesquisa na área cardiovascular e para a saúde pública, por causa de sua atuação como ministro em duas ocasiões. “Ele foi um pesquisador inovador e, como homem público, fez planos importantes. Também formou locais de excelência, como o Instituto Dante Pazzanese". O lado pessoal também é elogiado pelo presidente da SBC: “Ele sempre teve uma capacidade de síntese e uma empolgação impressionantes. É muito difícil falar no melhor médico brasileiro sem pensar no Adib". O cardiologista tornou-se ministro da Saúde pela primeira vez durante o governo do ex-presidente Fernando Collor, entre fevereiro e outubro de 1992. Três anos depois, em janeiro de 1995, Jatene foi convidado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para comandar a pasta da Saúde novamente. Ao assumir o cargo, ele estabeleceu como compromisso combater a corrupção na saúde pública. Também defendia que o governo aumentasse o investimento para o setor. O cardiologista foi um dos principais articuladores da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) durante o governo FHC - tributo destinado ao custeio da saúde pública a princípio e, depois, também da previdência social e da erradicação da pobreza. Uma de suas marcas durante sua segunda gestão foi o contato direto com os funcionários do Ministério da Saúde. Aos 65 anos, Jatene tinha o hábito de enfrentar a fila do bandejão e costumava tomar café com os servidores para receber informações e sugestões. Apesar de se manter nos holofotes enquanto foi ministro, principalmente por defender publicamente a implementação da CPMF, o cardiologista não se afastou de sua atuação como médico. 

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