domingo, 2 de novembro de 2014

Ministro da Justiça, o "porquinho José Eduardo Cardozo", dá sinais de que quer deixar a pasta

Alvo de fogo amigo no PT por não “controlar” a Polícia Federal, o ministro da Justiça, o "porquinho" petista José Eduardo Cardozo, confidenciou a amigos, nos últimos dias, que não pretende permanecer no cargo a partir de 2015. Aos que perguntam se ele será indicado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal, Cardozo responde com o mantra “o futuro a Deus pertence” e muda de assunto. “Eu quero me dedicar à advocacia e à vida acadêmica”, garantiu o ministro a um interlocutor do PT, na semana passada: “Fiz mestrado em Direito em 1993 e, desde 1995, tento fazer o doutorado. Agora, quem sabe, eu consiga". Dilma ainda não conversou com Cardozo sobre seu destino, mas há quem aposte que ele ficará na Justiça ao menos por mais um ano. Conhecida por emitir sinais trocados para identificar quem deixou vazar suas decisões, a presidente já disse reservadamente que poderá indicá-lo para uma cadeira no Supremo, na vaga aberta em julho com a aposentadoria de Joaquim Barbosa. Na campanha pela reeleição, Dilma ficou irritada com Cardozo por ele não ter informações detalhadas sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, nem sobre os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. A dupla fez acordo de delação premiada com o Ministério Público e denunciou um esquema de desvio de recursos na estatal, em benefício de políticos da base aliada, do PT ao PMDB. “Não é correto a imprensa saber das investigações e nós não sabermos nada”, esbravejou Dilma, naquela ocasião. Dirigentes do PT que fazem oposição a Cardozo dentro do partido dizem que ele não tem controle da Polícia Federal, dividida em correntes internas, deixando Dilma refém de “operações espetaculares” e com potencial para provocar “crises” no governo. Na Lava Jato, por exemplo, Paulo Roberto Costa acusou o tesoureiro do partido, João Vaccari, de ser um dos articuladores do esquema de corrupção na Petrobrás. O Palácio do Planalto tem interesse na indicação de um aliado para o Supremo. Até o fim de 2018, Dilma nomeará seis dos 11 ministros para a Corte, se as regras para a aposentadoria obrigatória continuarem como estão. Atualmente, os magistrados saem da ativa aos 70 anos, mas uma proposta de emenda constitucional em tramitação no Congresso eleva essa idade para 75. Depois de Barbosa, que comandou o Supremo durante o julgamento do processo do Mensalão, o próximo a se aposentar será Celso de Mello, em novembro de 2015. Na Esplanada dos Ministérios, Cardozo é conhecido por sair do trabalho por volta de meia-noite e por deixar todos à sua espera em reuniões. Dilma dá bronca, mas gosta do titular da Justiça. “Ele é o ministro fuso horário: está sempre uma hora atrasado”, brinca o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que chama o amigo de “Zé”. O ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, é um dos nomes cotados para assumir a pasta da Justiça se José Eduardo Cardozo sair.

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