segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ministério Público Federal do Rio de Janeiro encontra documentos que comprovam a existência da Operação Condor

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira (24) ter encontrado documentos na casa coronel Paulo Malhães, assassinado em abril deste ano, que comprovam colaboração entre os regimes ditatoriais da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980. Mais conhecida como Operação Condor, a colaboração entre ditaduras do Cone Sul é negada pelas Forças Armadas e pelo Ministério das Relações Exteriores. Em diligência na casa de Malhães, o Grupo de Trabalho de Justiça e Transição do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro descobriu documentos relativos à Operação Gringo, que consistia no monitoramento, na vigilância e prisão de estrangeiros que demonstrassem qualquer atividade considerada ofensiva ao regime. A operação era de responsabilidade do Centro de Informações do Exército do Rio de Janeiro. Um informe em espanhol, denominado Operação Congonhas, detalha a estrutura de organizações de militância e guerrilha contra a ditadura argentina. Também explicava atividades de infiltração de militares argentinos no Brasil para monitorar, contatar e prender os "inimigos” do regime argentino. O coronel reformado negava o uso da terminologia Operação Condor, mas reconhecia a Operação Gringo. “Ele contou ter coordenado uma ação para monitorar a entrada de todos os estrangeiros. Ele tinha registro, fotos, endereços e codinomes de todas as pessoas”, salientou. A operação chefiada por Malhães colaborou para a derrocada da organização terrorista Montonera no Brasil, que preparava, no Sul do país, no fim da década de 1970, um contraataque ao regime militar argentino. Em nota, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, disse que a descoberta é um marco histórico para revelar os responsáveis por crimes durante a ditadura. Segundo ele, os documentos são a maior prova da existência da Operação Condor e de que a Operação Gringo era um braço internacional.

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