segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Diretor da Galvão Engenharia entrega notas de pagamentos de R$ 8,8 milhões para Shinko Nakandakari, apontado como operador do petista Renato Duque

A defesa de Erton Medeiros Fonseca, diretor da Galvão Engenharia preso pela Operação Lava Jato, enviou à Polícia Federal, nesta segunda-feira (24), comprovantes de pagamentos de R$ 8.863.000,00 referentes a propina repassada pela construtora ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Segundo os advogados de Fonseca, os pagamentos foram feitos ao empresário Shinko Nakandakari – apontado pelo dirigente da Galvão Engenharia como operador da Diretoria de Serviços da Petrobras, à época comandada pelo petista Renato Duque –, para "evitar que a empreiteira fosse prejudicada em contratos que mantinha com a estatal do petróleo". O advogado Pedro Henrique Xavier, responsável pela defesa do diretor da Galvão Engenharia, disse na última terça-feira (18) que seu cliente admitiu aos delegados federais ter pago suborno para executar contratos com a petroleira. Na ocasião, Xavier não havia revelado para qual diretoria da Petrobras a propina era paga.

Ainda de acordo com o advogado, Erton Fonseca afirmou à Polícia Federal que José Janene, à época líder da bancada do PP, ameaçou que, se ele não pagasse a propina, a Galvão Engenharia seria prejudicada em contratos que mantinha com a Petrobras. Janene chegou a ser um dos réus do processo do mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, mas não chegou a ser condenado porque morreu antes do julgamento. No documento enviado nesta segunda-feira à Polícia Federal, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, os advogados voltam a dizer que Fonseca pagou a propina sob "efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia S/A tinha com a Petrobras, caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal". O documento volta a afirmar que Fonseca aceita se submeter a acareação com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e com o doleiro Alberto Youssef, presos pela operação e apontados pelas investigações como integrantes do esquema dentro da estatal. Segundo a defesa, a atitude do executivo serve para demonstrar que ele foi "vítima de crimes praticados pelos mesmos". Em depoimento prestado à Polícia Federal, o petista Renato Duque, que está preso preventivamente na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba negou ter participado ou ter tido conhecimento de qualquer esquema de propina na Petrobras. O ex-diretor também negou ter conhecimento de que um subordinado dele na estatal, Pedro Barusco, tivesse recebido propina ou mesmo que mantivesse contas bancárias no Exterior. Barusco assinou um acordo de delação premiada no qual se compromete a devolver mais de US$ 100 milhões. O ex-diretor também foi questionado sobre a existência de um cartel de empresas para realizarem obras para a Petrobras. O petista Duque negou ter conhecimento e disse que todas as licitações passavam por uma Gerência de Orçamentos, que verificava os valores a serem gastos para cada obra da estatal e que os valores só eram divulgados no momento da abertura das propostas das empresas que participavam das concorrências. Ao ser confrontado com o depoimento do também ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sobre um superfaturamento que existiria para desvios e abastecimento financeiro de partidos políticos, o petista Renato Duque disse duvidar que o antigo colega tivesse feito tal afirmação. Para Duque, é pouco provável que a Petrobras tenha sido alvo de desvios de dinheiro.

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