quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Clãs políticos continuam dominando o Congresso

Clarissa Garotinho, Eduardo Bolsonaro e Bruno Covas

As eleições deste ano conservaram e fortaleceram clãs políticos no Congresso Nacional. Levantamento da ONG Transparência Brasil, uma entidade filopetista, mostra que 60% dos senadores eleitos e 49% dos futuros deputados têm parentesco com algum político que já atuou ou ainda atua no Legislativo federal. A tendência é ainda mais notável entre os jovens eleitos: 85% dos deputados com 35 anos ou menos são herdeiros de famílias ligadas à política. É o caso do mais jovem deputado eleito no pleito de 2014, Uldurico Pinto Junior (PTC-BA), de 22 anos: seu pai e o seu avô também já ocuparam uma cadeira na Casa. Entre as mulheres eleitas, o porcentual também é alto: 55%. Eleita para o primeiro mandato na Câmara, Iracema Portela (PP-PI) é filha da ex-deputada Myriam Portella e de Lucídio Portela, ex-senador e ex-governador do Piauí. Além disso, Iracema é mulher do senador e presidente do PP, Ciro Nogueira. Outro exemplo é Clarissa Garotinho (PR-RJ), que sucederá o pai, Anthony Garotinho, na Câmara. A pesquisa também calculou o porcentual por região: as populações do Nordeste e Norte foram as que mais escolheram filhos, cônjuges, irmãos e sobrinhos de políticos para o Congresso — 63% e 52%, respectivamente. No Rio Grande do Norte, todos os deputados eleitos pertenciam a famílias de políticos. No caso do Senado, as regiões com maiores índices foram Sudeste, Sul e Norte, com 67% cada. Entre os partidos, PMDB, PTB e Solidariedade lideram o ranking de parlamentares com familiares na política – o primeiro tem 65%, e os outros dois, 60%. No Senado, PMDB, PP e DEM são as agremiações com mais herdeiros: 80% cada. Entre as maiores legendas, o PT é a que tem menor percentual de parentes de parlamentares eleitos (27%). Em comparação com as eleições de 2010, houve crescimento de 5% entre familiares de políticos eleitos na Câmara dos Deputados e redução de 4% no Senado.

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