quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Petrobras deve adiar os projetos de duas refinarias

A Petrobras avalia adiar o projeto de construção das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, em meio a uma desaceleração no crescimento da demanda por combustíveis no País. As duas novas unidades constam no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 da estatal, que prevê investimentos totais de 220,6 bilhões de dólares para o período. A Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, aparecem na carteira de projetos em licitação, que deveriam ter processos "conduzidos em 2014", segundo o plano. "Não quer dizer que não será feito. Essas refinarias continuam sendo necessárias, mas não na velocidade inicial... A decisão ainda não foi tomada, mas há um sentimento nesse sentido (de prorrogar o início do projeto)", disse a fonte, sob condição de anonimato. A fonte ressaltou que, nos últimos dois anos, o mercado de combustíveis no Brasil não vem mais crescendo no mesmo ritmo de antes, o que altera os indicadores econômicos que vão definir o ritmo de construção de novas unidades de refino. Embora ainda não se saiba o custo das refinarias, a postergação dos projetos pode dar fôlego financeiro à companhia, num momento em que lida com o crescimento de sua dívida, que somou ao todo cerca de 140 bilhões de dólares ao final do segundo trimestre. A empresa teve recentemente seu rating rebaixado pela alta alavancagem, entre outros fatores. A estratégia de adiamento de projetos nesse segmento ocorre após a área de refino ter sido o foco de grandes polêmicas na Petrobras no último ano. Investigações de várias instituições, como o Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e CPIs no Congresso Nacional, ocorrem sobre os gastos bilionários na construção da Refinaria do Nordeste (Rnest), em vias de ser inaugurada, e na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Além disso, a Petrobras tem reduzido investimentos em refino enquanto foca em grandes projetos de exploração e produção de petróleo. No último Plano de Negócio, o investimento na área de abastecimento/refino caiu quase pela metade, para 38,7 bilhões de dólares em cinco anos, na medida em que alguns projetos como a Rnest estão sendo concluídos. "Há experiências na Rnest e Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde houve um dispêndio de recursos acima do que era previsto. Com a Premium, não se deve repetir isso aí", afirmou a fonte, lembrando que os altos custos da Rnest, que beiram a 20 bilhões de dólares, trouxeram muitas lições para a Petrobras. Além de as refinarias Premium serem mais simples, a Petrobras agora já retomou o expertise de construir uma refinaria, após ter ficado 30 anos sem construir uma unidade, algo que impacta hoje nas grandes importações de derivados da companhia. "Essa é um questão de honra (ficar abaixo dos valores da Rnest). Foi uma lição aprendida ali e todo (o aprendizado) será aplicado... forma de contratar, processos...", afirmou, lembrando que, no caso de a Rnest, influenciou também no elevado orçamento o fato de o mercado ter estado mais aquecido. O uso de combustíveis no País vinha avançando muito acima do ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) em anos recentes. A partir de agora, apesar da demanda ainda alta, ela começa a alinhar-se ao desempenho fraco da economia do país, que deverá crescer apenas 0,27% em 2014, segundo estimativas de economistas na pesquisa Focus do Banco Central. "Os estudos de viabilidade econômica mostram que temos que dar uma apertada nos custos; no capex (investimento) dos empreendimentos", disse a fonte. "Qualquer investimento tem como mais importante a viabilidade econômica", acrescentou, destacando que o objetivo é ter um custo de barril unitário compatível com os indicadores econômicos. A propósito, a fonte confirmou que a Rnest, que está em fase final de construção em Pernambuco, deverá ter o primeiro trem da refinaria inaugurado em novembro, sem data exata marcada. A redução no ritmo de crescimento da demanda interna de diesel e gasolina deve colaborar para menores importações de derivados pela Petrobras, algo que pode aliviar um pouco as contas da divisão de Abastecimento. A área sofreu nos últimos tempos com vendas de gasolina e diesel no Brasil a preços mais baixos do que os de compra no mercado internacional, em função da política de limitar reajustes do governo federal, preocupado com a inflação. "Não sei o quanto isso (a redução do ritmo da demanda) pode representar na redução de importação, mas não é algo desprezível. E, com as entradas de Rnest e Comperj, a importação vai cair bem", afirmou. A capacidade diária de refino da Rnest depois da conclusão dos dois trens, em 2015, será de 230 mil barris por dia. Anteriormente, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que o Brasil deverá atingir a autossuficiência na produção de derivados de petróleo em 2020.

Um comentário:

Unknown disse...

" em meio a uma desaceleração no crescimento da demanda por combustíveis"

Na real o PT lançou o PDC: Programa de Desaceleração do Crescimento.

Está chegando ao ápice: o PRC: Programa da Recessão de Crescimento